Portugal, 6 de Abril de 2011
Uma das consequências que surge sempre que o Benfica não ganha, é uma “trovoada” de opiniões cada qual pior que a anterior. As primeiras páginas dos jornais são as mais visionadas e impactantes, mas os programas de opinião que vão para o ar - estrategicamente - um ou dois dias a seguir ao jogo, são os melhores exemplos de adulteração da natureza desses maus resultados e respectivas consequências.
Globalmente verifica-se, no que diz respeito apenas ao Benfica (com FCP e SCP é diferente), que tudo que a comunicação social promove ou veicula, é programado para apontar a um ou mais alvos, que tanto pode ser o treinador, como um jogador ou dois, e em casos extremos a própria Direcção (Vale e Azevedo por exemplo, foi muito visado).
Nada disto acontece por acaso, nada disto é feito de forma inocente. Os estrategos da comunicação social sabem que os títulos de 1ª página são quadros de referência e uma forte mensagem que passa facilmente para os leitores e adeptos do Benfica (e também para os outros), e quanto pior for a mensagem contra um treinador ou um jogador, mais exposto esse treinador e jogador vão ficar aos assobios e criticas dos adeptos (do Benfica e dos outros). O mesmo efeito tem os programas de opinião realizados ainda a “quente” (na 2ª ou 3ª feira), onde os representantes de FCP e SCP defendem o actual “sistema” apontando erros sempre na direcção do Benfica. Até a maneira de falar do treinador serve para desculpabilizar ou relativizar 1 penalty escandalosamente evidente, não assinalado pelo mesmo árbitro que pelo contrário assinalou outros menos evidentes a favor do FCP.
Existe estratégia da comunicação social, nesta ordem de opções. Não foi por acaso que em Dezembro brincavam com a hipótese de termos um “Natal sem Jesus” (recordar a Pancada Central no RECORD ou 1ª página de A BOLA). Mas foi Paulo Sérgio do SCP quem saiu primeiro! Ou os títulos sobre David Luiz “é para vender” porque não queria renovar (um contrato válido até 2015, Carriço tem até 2013 e não há problema). Ou que “David Luiz recusa-se a sair em Janeiro”, etc, etc. O objectivo é o mesmo de sempre: desestabilizar todo o grupo de trabalho, através da identificação de um “culpado”. E naquela altura o Benfica fez uma série de maus resultados na Champions. Como não podiam implicar com Roberto, que nesses jogos esteve muito bem, tocou a vez a David Luiz.
Estas “trovoadas” de opiniões acabam por “molhar” muita gente, sejam ricos ou pobres, importantes ou menos importantes, benfiquistas ou não benfiquistas. Interessa-me em particular os benfiquistas que apanham sempre grandes “molhas” nestas alturas.
Vem isto a propósito do programa Linha da Frente, edição da noite, da Benfica TV, de ontem à noite, no qual participaram como convidados Nuno Rogeiro, analista político de reconhecida inteligência, e Manuel dos Santos, deputado oriundo da minha terra, mas a residir no Porto.
Nuno Rogeiro a dada altura do programa, pediu desculpa por não concordar com a maioria, mas na sua opinião “o Benfica não perdeu o título pelas arbitragens mas porque não está a jogar o mesmo que jogou na época passada”. Já antes e a propósito do telefonema de um telespectador, responsabilizou Roberto pela derrota com o FCP pois na sua opinião, o 1º golo do FCP é um “frango” do Roberto.
Dei então por mim a pensar: se estamos a escutar uma pessoa inteligente na análise política, uma pessoa que se impõe pela clareza e argúcia dos seus raciocínios, porque razão tenho a sensação que estou a ouvir um qualquer adepto anónimo, como o que telefonou a dizer o mesmo de Roberto?
É simples. A “trovoada” de opiniões molha tudo, benfiquistas incluídos, com a mesma lógica argumentativa de virar para dentro do Benfica aquilo que acontece por razões exteriores. Sem se dar por isso, uma pessoa inteligente e socialmente reconhecida como Nuno Rogeiro, limita-se a ser uma caixa de ressonância do que outros antes dele, prepararam, decidiram, propagandearam em 1ªs páginas de jornais, debates radiofónicos, debates televisivos, etc. As opções e impacto mediático são como um buraco negro: sorvem tudo, até pessoas muito inteligentes.
Nuno Rogeiro limitou-se então a "Rogeirar". Explico porquê a seguir ...
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