quarta-feira, 4 de maio de 2011

A pressão I

Portugal, 4 de Maio de 2011

Muito se fala que a “pressão” sobre os jogadores do Benfica é enorme, e possivelmente maior do que noutros clubes. Mas quando se pretende caracterizar o que é essa “pressão”, as definições regra geral são incompletas ou românticas. Uns dizem que “no Benfica tem de se ganhar sempre” e por isso há mais pressão, outros dizem que a pressão é pelo facto do “Benfica ter milhões de adeptos”.

Sempre achei que a “pressão” é muito mais que estes conjuntos de argumentos incompletos e romântico, uma vez que qualquer jogador profissional que vai para um clube que luta por títulos, sabe que vai ter de ganhar mais do que noutros clubes que não lutam por títulos. Portanto esse conceito de “pressão” é pois natural. O que é que distingue então a “pressão” no Benfica, da “pressão” nos outros clubes?

Quando tinha 15 anos e estudava no Liceu (hoje Escola Secundária), a minha professora de Introdução à Politica explicava-nos que “os media são o 4º poder”. E muita confusão me provocava isto. Primeiro, não sabia o que eram os “media”, depois de saber, interrogava-me como é que eles poderiam ser tão importantes...

Mais tarde ao ler uns textos sobre comunicação social, ainda antes de entrar na Faculdade e no curso que escolhi (não foi jornalismo), fiquei a perceber que uma noticia é a transformação de um facto (algo que aconteceu) numa informação. Fiquei a perceber que uma noticia na 1ª página é mais impactante do que na última página de um jornal, apesar de ser a mesma. Ou na abertura ou fecho de um telejornal. Fiquei a saber que a notícia deve ser separada da opinião. E fiquei a perceber que conjugando adequadamente tudo isto, de facto as pessoas formam as suas ideias sobre as coisas ou temas, sem pensarem muito pois antes de pensarem já foram induzidas a tirar certas conclusões.

As palavras podem ser “pedras” para uns, e “flores” para outros. Mas são palavras que saem do mesmo emissor.

Adaptando estas ideias à tal “pressão” que existe no Benfica, penso podermos concluir que ela é o resultado de uma conjugação de vontades e esforços, entre grupos e profissionais da comunicação social, que optando e subjectivando a importância dos temas, provocam nos receptores um determinado efeito que depois se repercute em cadeia e provoca as mais dispares e disparatadas reacções comportamentais.

O que se passa com Roberto é exemplar. Sabendo da importância deste lugar específico, os guarda-redes do Benfica não costumam ter vida “fácil” com a “pressão” artificialmente criada por esta comunicação social orquestrada numa lógica de actuação, que é distinta – para pior - no caso do Benfica. E um exemplo recente é o “falhanço” do alemão Butt, que depois foi campeão na Alemanha.

Pois Roberto, ou porque deu nas vistas pelo seu custo (que ele nada tem a ver) ou porque substituiu o guarda-redes campeão Quim ou simplesmente porque qualquer pretexto serve para pressionar um jogador do Benfica, dizia eu, Roberto após o 2º jogo amigável com o Sion, foi imediatamente bombardeado com rótulos (forma mais simples, prática e eficaz de passar a “mensagem”): titulo principal “frango à espanhola” no RECORD e sub-título na BOLA “erros de Roberto dão vitória ao Sion”.

Logo percebi que Roberto iria ser o jogador chave, entenda-se “vítima”, para a alcateia da comunicação social, os tais que a cada “frango” de Patrício acrescentam “no melhor pano cai a nódoa”. Ao Roberto não foi possível deixar mostrar o seu “pano”.

Até ao início do campeonato, Roberto foi sempre visto à “lupa”. De forma incrível cada golo sofrido podia ser sempre defendido. E não era defendido porque o Roberto “tinha estado mal”. A sucessão de mensagens desta natureza, derruba qualquer um. Eu estou do lado dos que resistem.
Roberto defendeu 1 penalty no primeiro jogo em que foi preterido. Irónica e hipocritamente, a mesma BOLA que tanta “pedra” lhe tinha atirado, desta vez virou-se contra ... Jesus. O título foi sintomático: Deus manda mais que Jesus! Porque entendamo-nos, eles têm de atirar sempre em cima de alguém do Benfica.

Vamos jogar a 2ª mão da meia-final da Liga Europa. Chegamos até aqui com Roberto na baliza. Vamos fazer o 14º jogo europeu, 6 dos quais de “borla” por termos sido campeões. Nos 17 anos anteriores não conseguimos. Fala-se de futebol nas importantíssimas 1ªs páginas dos jornais desportivos? Não, fala-se de Roberto. A mensagem é a incerteza, a angústia, a possibilidade maior do erro, a opção do treinador, as características do Roberto.

Uma mensagem que toca a todos e não só a Roberto. Toca aos adeptos, toca à equipa técnica, toca aos próprios colegas de equipa. A “pressão” existe e está mais uma vez orquestrada para diminuir as variáveis de confiança do Benfica, dando assim ajuda extra ao nosso adversário. Hoje (amanhã) é português, antes foi estrangeiro. Não interessa. Interessa é atacar o Benfica para impedir que possamos ganhar ...

4 comentários:

  1. Eagle1, manda-me um email para geracaobenfica@gmail.como para falarmos por favor.

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  2. Bem esgalhada es analise que desmonta na perfeiçao a forma como estes patos bravos conseguem que a maioria de um povo, algo inculto, beba sofregamente uma informaçao mascarada e dirigida procurando dessa forma atingir os fins a que se propoe.

    Ao longo dos anos fui conseguindo ser mais selectivo e fruto de alguma intuiçao, visionar mais rapidamente o objectivo pretendido, dando muitas vezes comigo a rir, pela desfaçatez e ligeireza com que nos pretendem passaro atestado de parvo.

    Mas ainda anda por muito papel e pantalha que de forma manhosa nos procuram impingir uma aurea de isençao e independencia cientes de que todos sao crentes do seu embuste e possivelmente muitos sao.

    Ha quem homenageie, pomposamente, vultos das artes e letras de variados quadrantes procurando assim a boa maneira dos alcapones exercer a caridade para branquear os seus crimes.

    Para este tipo de gente, os meios, justificam os fins.

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  3. Olá pessoal. Geração, vou mandar de seguida. Manuel, obrigado pela excelência do comentário. Em breve, e se o tempo permitir, quero colocar aqui resumos de coisas que vou seleccionando ao longo dos meses, sobre pessoas ou clubes, para percebermos como "funciona" esta comunicação social orquestrada, que nos "vende" a justeza das vitórias do FCP, da mesma maneira indecente como nos "vende" a justeza das derrotas do Benfica.

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  4. Cláusula no contrato de qualquer jogador para assinar pelo SLB: "Compromete-se a ceder a todas as bocas possíveis e imaginárias da comunicação social, amuando e jogando ainda pior se dizem que está em má forma. "

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