quinta-feira, 29 de março de 2012

Os quartos da Champions - 1ª mão I


Portugal, 29 de Março de 2012

Não começamos bem esta fase da Champions, pois ao perdermos o 1º jogo com o Chelsea complicamos, e de que maneira, as hipótese de passarmos às meias de final da prova, objectivo que os mais realistas sonham há 22 anos.

Entre adeptos há naturalmente as mais díspares opiniões, há infelizmente uma maioria que continua enfeudada na “teoria da culpa”, há infelizmente demasiada gente com mais ou menos responsabilidade no mundo de opinião benfiquista, que opta pelo lamento ou pela acusação gratuita e não pela procura das razões do inêxito. Que, faço notar também, não deve ser uma procura exagerada pois o futebol tem 3 resultados possíveis e se não fosse assim o Barcelona não empatava com Milan e o Marselha não perdia em casa com Bayern.

Antes desta fase da prova começar sabíamos que o Benfica era apenas o 2º orçamento mais elevado (entre 8 equipas), com menos de 40 milhões de euros apenas à frente do APOEL com 10 milhões. O 3º orçamento deverá ser o do Marselha, no mínimo o dobro do orçamento do Benfica, ou seja perto de 80 milhões. Os orçamentos não ganham jogos é certo, mas por alguma razão não podemos contratar Lampard ou Terry, já para não falar porque tivemos de deixar sair David Luiz ou Ramires

Saiu-nos em sorte uma equipa que terá orçamento superior a 100 milhões ou seja, mais do dobro do Benfica. E que era a equipa preferida do nosso treinador, embora toda a gente se recorde que esse desejo foi expresso quando o Chelsea era treinado por Villas Boas. E de facto era uma equipa mais acessível como comprovavam os resultados. Hoje infelizmente o Chelsea mudou para melhor, tem um treinador que conseguiu mostrar em 6/7 jogos que o problema não era do vedetismo dos jogadores mas da falta de qualidade (de árbitros e boa comunicação social) do embuste Villas Boas (que tantos benfiquistas elogiaram).

Analisando os jogos dos quartos de final, verificamos que nenhuma das 4 equipas que jogaram na condição de visitados conseguiram marcar 1 golo, o que creio ser inédito na história da prova. Cumulativamente ficamos a zero, o que nos anos mais próximos, em todas os jogos europeus disputados na Luz, apenas tinha acontecido nos quartos de final da época de 2005/2006 com o Barcelona, onde por coincidência, também ficou 1 penalty claríssimo por assinalar a nosso favor.
 
Das equipas que jogaram em casa, o Benfica foi a única que conseguiu ter a mesma posse de bola que o adversário 50%. Milan com 32% e Marselha com 42% ficaram abaixo. O APOEL nem se fala: 30% frente ao Real Madrid. Isto é, apesar da nossa eliminatória ser o 2º emparelhamento mais desequilibrado em termos de orçamentos, o que se verificou é que o Benfica conseguiu ter uma boa posse de bola. Um ponto a nosso favor. Mas há mais...

Verificamos também que o Benfica foi a 2ª equipa a conseguir mais remates à baliza do adversário, 17, só atrás do Real Madrid frente ao “poderoso” APOEL com 20. Barcelona (15), Chelsea (10) e Marselha (8) são as equipas que se seguiram. Se considerarmos apenas os remates enquadrados com a baliza, passamos para 1º lugar a par do Real Madrid ambos com 8 remates. A seguir vêm Barcelona com 5, Marselha com 4, Bayern e Chelsea com 3.
Se considerarmos a variável faltas efectuadas, continuamos em 1º lugar a par do Barcelona com apenas 9 faltas assinaladas. Real Madrid com 11 e Milan com 14 vêm a seguir.

Ou seja, apesar do critério “orçamento” nos ser desfavorável, verificamos que a nossa equipa bem apoiada pelo (às vezes) magnífico público da Luz, conseguiu um impensável conjunto de bons registos que atesta a qualidade da equipa e do jogo que efectuamos.

E apesar disto tudo, perdemos. Algo que doeu mas que não pode surpreender nesta fase da prova em que os jogos se resolvem por detalhes. E quando o árbitro, com grosseria, também contribui para os detalhes, torna-se muito mais difícil para uma equipa de pequeno orçamento que acumula o facto de ser a 3ª equipa menos experiente nesta fase da prova (à frente de Marselha e APOEL).

Como benfiquista, sinto-me orgulhoso da equipa. Como analista amador, avanço com as minhas explicações para a derrota no próximo texto.

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