sábado, 10 de novembro de 2012

Champions: Benfica 4x4


Portugal, 10 de Novembro de 2012

O título pode sugerir que quero falar de um Benfica “todo o terreno”, mas não. Apenas quero salientar que à 4ª jornada da fase de grupos da Champions estamos com 4 pontos.

Num pequeno balanço das nossas 6 últimas participações na prova dos melhores da Europa, as que foram realizadas basicamente sempre no mesmo modelo de competição, direi que pior, só em 2007/08 quando tínhamos recolhido 3 pontos de uma vitória caseira sobre o Celtic. Iguais à actual participação foram as de 2005/06 e 2006/07 onde também tínhamos 4 pontos em 4 jogos. Na participação de 2010/11 estávamos com 6 pontos, na de 2011/12 estávamos com 8 pontos.

Sem querer enviesar a reflexão acerca do tema, julgo que os piores resultados óbitos nesta fase da prova têm estado – regra geral - associados a grupos mais difíceis do que os grupos onde conseguimos melhores resultados a esta data. De facto um grupo com o Manchester United, Villareal (viria a ser semifinalista) e Lille, não será mais acessível do que o actual grupo com Barcelona, Celtic e Spartak. Um degrau abaixo em matéria de acessibilidade, temos o grupo do Lyon, Shalke04 (também viria a ser semifinalista) e Hapoel, e o grupo do Milan, Celtic e Shacktar (acabado de investir 40 milhões em reforços). Outro degrau abaixo está o grupo Manchester United, Celtic, FC Copenhaguen. De todos o grupo mais “fácil” terá sido o do Manchester United, Basileia e Otelul.

Faço questão de esclarecer que considero este grupo mais fácil, não para desvalorizar a excelente campanha do Benfica, 1º na fase de grupos e quartos de final onde caímos frente ao futuro campeão europeu, mas porque teve a única equipa a quem conseguimos ganhar os 2 jogos: o Otelul, equipa que este ano não se apurou nem para a Liga Europa.

Dito isto, poderemos concluir então que o melhor ou pior desempenho do Benfica não tem dependido apenas dos bons jogadores, mas sim do grau de dificuldade dos grupos. Ou seja, a “mais valia” trazida pelos tais grandes jogadores não se reflecte em melhores resultados. E não reflecte, porque o nosso modelo de jogo habitual, o estafado 4-4-2 clássico ou losango, é um modelo que exige jogadores com características de mobilidade e qualidade invulgar, na frente, jogadores mais polivalentes do que especialistas em cada posição, no meio campo, e defesas que saibam defender mais do que substituir-se aos atacantes. Jogadores que por regra não temos, já que a filosofia das contratações é procurarmos “especialistas” em cada posição: um bom extremo, um bom trinco, um bom avançado, etc. Que depois não funcionam como gostaríamos...

Mas como no Benfica ninguém pensa e faz balanços sobre estes aspectos, lá vamos investindo todos os anos. No ano passado o grupo saiu mais acessível, e foi uma maravilha (no ano anterior, com praticamente os mesmos jogadores, mais Fábio menos Coentrão, mais Roberto menos Artur) fizemos no final 6 pontos (o pior pecúlio de pontos nos 6 jogos) e ainda sofremos uma goleada humilhante em Israel....

Bom, mas como há também coisas boas no meio de alguns azares que tivemos este ano, na só com o sorteio mas com lesões e castigos, não me parece que devamos ficar amarrados ao negativismo dos 4 pontos, mas pensar que o Celtic perdeu sempre em nossa casa, já vão 3 seguidas e queremos a 4ª vitória. Mais não seja para desligar essa curiosidade de fazermos sempre os mesmos resultados em casa e fora, a favor de cada uma das duas equipas.

O lado mais positivo que tenho apreciado recentemente, é a espontaneidade e qualidade do nosso jogo com outros executantes normalmente considerados “não titulares”, como André Almeida, Enzo Peres e Jardel. Já tínhamos feito um bom jogo na Escócia e voltamos a repetir na Luz com o Spartak.

Apesar das circunstâncias do nosso apuramento já terem estado melhor do que agora, ainda acredito que é este ano que contrariamos outra curiosidade destas participações: sempre que o Celtic fica no nosso grupo, são eles que passam: foi assim com Fernando Santos e com Camacho. À 3ª tem de ser de vez ...

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