quarta-feira, 13 de março de 2013

Eu não estive lá...



Portugal, 13 de Março de 2013

Ao contrário do jogo com o Bordéus de 1986, desta vez eu não estive lá a apoiar a equipa. Desta vez não estavam 100 mil de pé ao frio a puxar pelo Benfica, desta vez eram pouco mais de 36 mil comodamente refastelados em boas cadeiras e abrigados da chuva que eventualmente pudesse cair. 

Sinais dos tempos, ou novo exemplo de que quantas mais comodidades se dão aos adeptos, mais os adeptos exigem. Por isso tenho simpatia pelo Barcelona e basta comparar a qualidade e comodidade dos dois estádios para perceber o que é ser adepto de um clube. Em Barcelona chove em 4/5 do campo, os acessos são feios, as galerias interiores idem e labirínticas, o elevador parece saído de uma mina, mas costumam estar 80 mil a apoiar o Barcelona. E o Barcelona é o que é, e o Benfica também. Nós trabalhamos para pagar as comodidades aos Bancos, o Barcelona apostou numa equipa de futebol e não deve nem metade do que nós devemos aos Bancos. E mesmo assim acham muito...

O Benfica sempre foi um clube de visionários, uns com bons propósitos, como Cosme Damião outros como se tem visto, nem tanto. Os milhões das comissões são um apelo irresistível para muita gente medíocre...
Ora o Benfica venceu 1-0, ao contrário de 1986, e as perspectivas de apuramento para a fase seguinte da prova são também muito maiores do que as que tinha nessa altura de Magnussons, Álvaros, Bentos, etc. 

O jogo ficou contudo marcado, para a comunicação social, por uns quantos assobios que aquela minoria exigente e ranhosa que marca sempre presença (e pagam como os outros, é certo) brindou a equipa no final do jogo. Em vez de vermos sublinhado na comunicação social, a vitória sem sofrer golos e o acerto da gestão feita pelo treinador que poupou algumas unidades (excepto Matic que estava castigado) para o exigente calendário que temos pela frente (só saímos da Taça da Liga, em Braga e nas grandes penalidades), não! Fomos confrontados com notícias e dezenas de opiniões dos tais analistas sobre a reacção de uma minoria de adeptos. Ruidosa, mas claramente minoritária. 

A comunicação social tem este poder de colocar minorias à frente das maiorias. De destacar a minudência e ocultar a magnificência. E com isso dar corpo e importância a quem não o tem! Mas vamos ao jogo.

Foi um jogo que, para quem está atento, foi difícil como se esperava. Para a minoria dos assobios contudo devíamos ter ganho por “uns quantos” a zero. Somos Benfica. Como em 1986.

A ideia de JJ de colocar Roderick e Carlos Martins no meio campo, ladeados por Ola Jonh e Gaitan, no já habitual 4-4-2 em losango, estava condenada ao insucesso (pela falta de rotinas de conjunto e pela falta de aptidões individuais, tal como se havia visto na 1ª parte de Braga) pelo que foi muito positivo conseguirmos marcar um golo sem sofrer nenhum. JJ teve alguma “estrelinha” mas como diz o outro, a sorte dá muito trabalho. 

O jogo feito pelo Bordéus foi marcado pela maciça presença de jogadores no meio campo, onde tiveram quase sempre superioridade numérica, não por falta de trabalho do nosso lado mas pelas características tácticas do modelo de jogo. O nosso privilegia 2 avançados, o dos adversários normalmente prima por apenas um avançado e médios ala muito rápidos que apoiam bem o seu ataque. Assim o adversário tem sempre no mínimo mais uma unidade no meio campo (já falei disso no resumo dos jogos contra o FCP, por isso estou a repetir-me).

A dificuldade do nosso jogo contra o Bordéus, também já é característica. Ao longo dos anos vi muitas exibições deste género, com mais ou com menos adaptações, porque o problema maior é a táctica do 4-4-2. É uma táctica que funciona com equipas pequenas, mas ao nível de competições europeias, contra equipas muito mais experientes e caras, normalmente dá nisto que vimos. E que já havíamos visto no tal jogo de 1992 com o Arsenal (1-1), em 1994 com o Bayer Leverkusen (1-1) ou em 1996 com o Bayern de Munique (1-3). Entre outros.

Amanhã será apenas mais do mesmo, mais um jogo onde temos de trabalhar muito e onde a comunicação social, fazendo o seu papel habitual, já mandou vários recados... para o adversário. Quer a BOLA quer o RECORD de hoje, falam do esquema de jogo do Benfica que poderá alterar-se para o 4-2-3-1 com Rodrigo como único avançado. Curiosamente a imprensa de Lisboa não conseguiu fazer algo de semelhante para o FCP e seu esquema de jogo para Málaga. Não é por acaso...

Como também não é por acaso que não tenham reparado nos assobios que parte do público do FCP, brindou a equipa após o empate com o Olhanense.

1 comentário:

  1. Infelizmente a minha vida profissional não tem permitido registar os factos mais importantes que se têm passado com o Benfica nos últimos tempos. Apenas isso e nada mais. Nos próximos tempos, julgo que vou ter mais hipóteses...

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