segunda-feira, 3 de março de 2014

O último terço...

Portugal, 3 de Março de 2014

Entramos no último terço do campeonato (10 jogos) com uma vitória em Belém. Uma vitória competente mas escusadamente sofrida. E com um erro de arbitragem que nos beneficiou e que vai marcar o debate. Erro difícil de avaliar em campo, mas fácil de polemizar pelas televisões.
À partida para esta última série de 10 jogos, tínhamos 5 pontos de avanço para o SCP e 7 para o FCP, “almofada” pontual de alguma relevância. Nada está ganho, nada está conquistado, mas é mais fácil entrar em campo sabendo que temos essa “almofada”, do que não a tendo.
Uma análise ao calendário que resta sugere que temos duas “etapas” completamente distintas: 1) uma série de 4 jogos até ao Nacional - Benfica e SCP - FCP, 2) uma última série de 6 jogos onde se inclui a difícil deslocação a Braga. Estas duas etapas são marcadas por um jogo que nos interessa, o SCP – FCP, onde uma, ou as duas equipas irão perder pontos. Situação que nos pode beneficiar.
Contudo a fixação destas duas etapas só tem interesse se nós não perdermos pontos até lá. O que significava ganhar ao Belém (missão cumprida), ao Estoril em casa e ao Nacional fora. Por sorte nossa, o FCP perdeu mais 2 pontos nesta 1ª etapa, o que aumenta mais a nossa “almofada” sem com isso querer dizer que podemos alterar o plano de ataque às duas etapas que faltam.
Do que vi no jogo com o Belenenses, confesso ter ficado preocupado. O Benfica fez uma exibição competente é certo. Controlou e marcou o ritmo de jogo, controlou a pouca posse de bola do adversário. Na vertente defensiva, a presença de Oblak dá mais garantias do que Artur Moraes, e esse factor também poderá “jogar” no que falta de campeonato. Mas na vertente ofensiva estamos longe de uma equipa que quer ser campeã nacional. Muito longe.
Eu diria até que é inadmissível que uma equipa que marca 1 golo aos 7 mn, numa excelente transição rápida defesa/ataque mas concretizada por uma inspiração individual, não consiga marcar mais golos aproveitando a abertura do adversário e a consolidação dos processos de contra ataque que temos visto nos últimos jogos. É inadmissível e é preocupante. Se a equipa não “mata” o jogo perante adversário de nível inferior e partindo em vantagem no marcador, se a equipa pensa que pode gerir resultados de 1-0 com árbitros nacionais ou com as ditas bolas “paradas”, o melhor mesmo é não fazer grandes planos para já. Porque como diz o ditado, “tantas vezes o cântaro vai à fonte que algum dia fica lá”. E ontem só não ficou porque aos 72 mn o árbitro assistente viu bem um lance que normalmente dá golo. É discutível se o avançado que está “acampado” à frente de Oblak tem ou não interferência na jogada. Há quem defenda que sim, há quem defenda que não. Uma coisa é certa: na 1ª volta, o árbitro assistente não teve o mesmo critério, e um golo ilegal foi validado tirando 3 preciosos pontos ao Benfica.
A minha maior preocupação deriva do facto de estarmos jogar como na pré-temporada, fazemos o mesmo tipo de exibições e ninguém parece perceber. Se bem se recordam, na pré-temporada e por via do castigo a Cardozo, o modelo de jogo regra geral foi o 4-4-2 em losango apoiado nos atacantes Lima e Rodrigo. Golos? Poucos. Vitórias? Algumas, mas sempre tangenciais. Derrotas? Uma delas com particular significado: o troféu do Eusébio.
O que mudou daí para agora é que os médios estão a marcar mais golos, seja Markovic, seja Gaitan, com Enzo Peres e Garay pelo meio! Os avançados não! Rodrigo marcou pela última vez na jornada 16 com 2 golos ao Marítimo (há 4 jogos que não factura) e Lima marcou pela última vez na jornada 14 e 17 ambos de penalty. Há 3 jogos que não marca, e de bola corrida não marca desde Olhão na jornada 13, há 8 jornadas!
É pois com alguma estupefacção que tenho lido artigos de opinião na blogosfera sobre as qualidades “goleadoras” de Lima e Rodrigo, ou sobre o que é que vamos fazer com Cardozo, agora que temos esta dupla “goleadora”. Para além de outras explicações “surrealistas” tais como associar o desempenho de Lima e Rodrigo à boa qualidade defensiva deste Benfica.
Em resumo: as coisas estão a repetir-se, tal como na pré-temporada, os golos não entram porque os nossos avançados não estão a marcar. Temos 38 golos marcados e a este ritmo nem conseguimos ultrapassar os golos do Benfica de Quique Flores: 54! Nas anteriores 4 épocas de Jesus marcamos 77, 66, 61 e 78 no ano do último título.
Este problema tem de ser resolvido e com brevidade, se quisermos ser campeões com mérito redobrado. Sermos campeões porque os outros fizeram pior, como no ano de Trapp, é algo que devemos evitar...


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