quinta-feira, 21 de abril de 2011

A Taça I

Portugal, 21 de Abril de 2011

Quando ontem coloquei aqui um texto intitulado “Histórico” estava longe de pensar que nesse mesmo dia haveríamos de fazer História mas pelas piores razões. A eliminação da Taça frente ao FCP doeu.

Perder com o FCP dói sempre mais do que perder com outro clube qualquer. Rivalidades locais, mas não só. Também pela certeza que uma vez mais o crime compensou e que ganhou quem mais torpedeia a verdade desportiva.

E claro, também doeu por termos esbanjado em nossa própria casa uma vantagem de 2 golos trazida do estádio da Galinha, onde fizemos uma das melhores exibições da época.

Há muitas razões para explicarmos mais esta derrota contra o FCP, a 4ª esta época. Por ordem decrescente de importância:

1 – Arbitragem

Segundo jogo consecutivo arbitrado por Xistra, segunda derrota. 

A chave do jogo está no lance em que perdoa o 2º cartão amarelo a Rodriguez, na 1ª parte, com 0-0 e depois na 2ª parte aos 66 mn com 0-1. Recordo que Xistra não teve problemas em expulsar Miccoli num jogo com o Estrela da Amadora (época 2006/2007), com 2 cartões amarelos, 1 por ter pontapeado a bola depois de lhe ter sido assinalado fora de jogo (dupla penalização porque ele estava em posição legal e desperdiçou-se uma situação de golo) e 1 por ter reagido (cresceu para o adversário) a um atropelamento para aleijar. Por coincidência o jogo seguinte era no estádio da Galinha contra o FCP e Miccoli não pôde jogar. 

Também já tinha expulso Reyes em Guimarães (época 2008/2009) quando vencíamos 2-1 aos 30 mn da 1ª parte, com 2 cartões em 2 minutos! Um deles, mal assinalado porque Reyes fez o chamado “carrinho” mal medido, sem maldade, quando o adversário corria na direcção do seu próprio meio campo, ou seja, não estava a criar uma jogada de ataque. Mas é de manual: Benfica a ganhar, retira-se 1 jogador para aumentar as hipóteses do adversário marcar golos e empatar ou ganhar jogo (truque aplicado ao ultimo jogo em Braga, pelo mesmo Xistra, quando expulsou Javi Garcia e o Benfica ganhava 1-0).

Confesso que fiquei dividido quando soube da nomeação. Pareceu-me que a provocação ao Benfica por parte da FPF era tão grande que das duas uma: ou Xistra “intervinha” no jogo (aí a minha curiosidade era saber como o faria), ou Xistra por estar pressionado pela má arbitragem de Braga, não “intervinha” no jogo e o efeito da nomeação seria o contrário do que pensava quem a decidiu. Para nosso azar, ele interviu no jogo. 

O 2º golo em fora de jogo de quase 1 metro, 7 mn depois do 1º golo, matou a vantagem do Benfica, perturbou a cabeça dos nossos jogadores e adeptos na mesma medida em que galvanizou a do adversário e seus adeptos, tudo interferindo na disposição individual e colectiva daí em diante. Jesus fala que a nossa equipa se desposicionou e tem razão. A explicação só pode ser encontrada no efeito psicológico do 2º golo ilegal. Ou seja, na arbitragem.

2 – Direcção

Há muito que defendo que Vieira me faz lembrar a história do “rei vai nu”. O Benfica passa por um período complicado da sua evolução enquanto instituição e grupo empresarial, em que pesam muito os interesses dos minoritários que têm mais capital ou podem libertar mais meios financeiros do que nós. E por isso continuam a controlar a estratégia. Vieira é o representante desses interesses minoritários, Banca, Olivedesportos, PT, etc., que nos trouxe até aqui, entenda-se, até ao ponto em que temos modalidades de pavilhão muito competitivas, temos uma Fundação, temos a Benfica TV, temos um estádio novo e um centro de estágio moderno, mas devemos 200 milhões à Banca e estamos condicionados na gestão futebolística pelas migalhas que a Olivedesportos nos paga.

Sendo Vieira um “rei vai nu”, um “tigre de papel”, uma pessoa que não pensa o Benfica como este deve ser pensado, mas em função dos interesses da Banca, da Olivedesportos e da PT, não me surpreendeu que quando o FCP iniciou a jogada do condicionamento do árbitro, ou seja, quando fez a conferência de imprensa onde apontaram 15 erros à arbitragem de Duarte Gomes no jogo do campeonato, a Direcção do Benfica uma vez mais tenha reagido mal: não falamos agora para não sermos acusados de condicionar o árbitro. Ou seja: eles não perceberam que o FCP estava a condicioná-lo e que devíamos contrariar esse condicionamento, no nosso próprio interesse.

Por outro lado quando a comunicação social avançou na semana passada, a hipótese de só poderem ser nomeados Olegário Benquerença (jogo de Guimarães) e Carlos Xistra (jogo de Braga), o que fez a Direcção? Remeteu-se ao silêncio em vez de mostrar publicamente o seu desagrado pela gestão das nomeações que havia sido feita pelo Sr.º Vítor Pereira, gestão esta que era responsável pela falta de outras opções para a nomeação do jogo da Taça!

Isto é: em vez de dar mostras públicas de que sabe como se fazem as “coisas”, enviando uma mensagem para a equipa de arbitragem de que estaríamos atentos ao seu desempenho, enviando uma mensagem aos nossos jogadores de que deveriam estar mais concentrados porque o jogo iria ser mais difícil, enviando uma mensagem aos nossos adeptos de que o jogo poderia ser dificultado pelo desempenho da arbitragem, enviando uma mensagem aos jogadores e adeptos do rival de que teriam pela frente uma equipa forte a começar na Direcção e acabar nos jogadores, a não reacção da Direcção do Benfica apenas estimulou o filme habitual: nos pormenores o árbitro decidiu em função dos interesses do FCP.

Dizem que Pinto da Costa é o melhor ponta de lança do FCP. Porque é que a Direcção do Benfica não lhe segue o exemplo? Só por incompetência?

3 comentários:

  1. Uma vez mais um ponto de vista lúcido e "abre-olhos" do que ninguém quer ver :) vou facebookar uma vez mais!

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  2. :)
    Agora só falta aderir ao FB :)
    abraço

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  3. Obrigado :) É bom saber que há retorno das nossas opiniões :)

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