Portugal, 27 de Junho de 2012
Há pelo menos 8 anos que o FCP domina o panorama
desportivo nacional no que respeita à venda de jogadores (agora também
denominados “activos”) por valores acima das expectativas gerais, até dos
próprios adeptos.
Poucos avançam com explicações para este sucesso, mas
muitos rendem-se em elogios à organização portista. Estamos em Portugal, país de comentadores e não de fazedores, é normal.
Os mais “atrevidos” ainda vão dizendo que “o FCP sabe
vender”, frase sem sentido se considerarmos que do outro lado deveria estar, um
clube ou SAD que também devia saber comprar. Aparentemente não tem estado, na
maior parte dos negócios.
Vejamos então outros lados deste sucesso, para tentar chegar a conclusões que
permitam ao Benfica “copiar” o modelo, sempre e quando se justificar ou a
oportunidade surgir.
O FCP vendeu, de 2004 para cá, Deco por 24 milhões ao
Barcelona (comprando-lhes em troca Quaresma por 6 milhões), Ricardo Carvalho,
Paulo Ferreira e Bosingwa ao Chelsea respectivamente por 30, 20 e 20 milhões,
Quaresma ao Inter por 24 milhões (comprando-lhes Pelé por 6 milhões), Raúl
Meireles ao Liverpool por 14 milhões, Lisando Lopez e Cissohko ao Lyon por respectivamente,
23 e 15 milhões, Lucho Gonzalez ao Lyon por 18 milhões, Pepe ao Real Madrid por
30 milhões, Bruno Alves ao Zenit por 22 milhões, Falcao e Ruben Micael ao
Atlético de Madrid por 40 e 5 milhões respectivamente. Tudo somado e
descontando o investimento que a SAD FCP teve de fazer em compras associadas, venderam tudo grosso modo, por 273 milhões
de euros. Em 8 anos.
Primeira conclusão: só as contratações pedidas pelo ex -
treinador Mourinho renderam à FCP SAD um
total de 118 milhões, ou seja, cerca de 43% do total das vendas! Cá está
então uma primeira conclusão: ter
“amigos” ex - funcionários, nos principais clubes europeus dá um enorme jeito.
Copiar esta situação é contudo difícil para o Benfica, porque quem ganha os
campeonatos é o FCP, e portanto até um Villas-Boas qualquer consegue adquirir
curriculum, que lhe permite depois ser cobiçado por um grande clube europeu.
Por azar, não aqueceu o lugar se não é possível que este defeso, o Givanildo
(Hulk) estivesse de saída para lá, por mais umas dezenas de milhões.
De onde poderemos reter já outras conclusões indirectas: os méritos de Pinto da Costa e Filipe Vieira
nestas transacções de milhões, como se pode constatar, são muito reduzidos.
Deles, praticamente apenas conta a vontade de vender! O resto é feito por Jorge Mendes.
Mas como faz então Jorge Mendes para vender jogadores pelo
preço que poucos conseguem vender? Penso
que a sua estratégia vencedora assenta em dois vectores fundamentais: 1) paga uma
comissão a quem compra, 2) comunicação social.
Relativamente ao ponto 1, obviamente nunca ninguém saberá se isto de facto acontece. Apenas poderemos
estranhar muitas coisas como por exemplo, que Peter Kenyon, o dirigente do
Chelsea que contratou vários jogadores ao FCP SAD através de Jorge Mendes,
esteja hoje a trabalhar com... Jorge Mendes depois de despedido do Chelsea.
Quanto ao ponto 2,
comunicação social, os factos falam por si. No próximo texto vou colar as
noticias, rumores, alegados interesses de outros clubes na contratação de Bruno
Alves, com datas, jornais, sítios onde
foram publicadas e jornalistas que as subscrevem, para tirarmos a conclusão
que se a comunicação social não trabalha
para Jorge Mendes, pelo menos parece que trabalha.
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