quarta-feira, 3 de abril de 2013

Três



Portugal, 3 de Abril de 2013

Hoje é por mero acaso o dia 3, mas já antes tinha decidido escrever sobre o Três e o Benfica.

Três é o número de competições em que o futebol do Benfica está envolvido e como tal, é o número de competições que podemos ganhar. “Poder ganhar” não quer dizer que “vamos ganhar”. O entusiasmo tolda o raciocínio de boa parte dos adeptos do Benfica que nestas alturas dão como adquirido o que será sempre muito custoso de alcançar. Mas não são só os adeptos e a comunicação social a desconcentrar a equipa. Os dirigentes, por razões diferentes, também dão o seu contributo.

Noticia BOLA, 29/12/2011: Luís Nazaré, presidente da Mesa da Assembleia-geral do Benfica, diz que a equipa encarnada pode aspirar a um lugar na final da presente edição da Liga dos Campeões. (ainda não tínhamos jogado os oitavos de final com o Zénit).

O Benfica pode conquistar 3 provas, como pode não conquistar nenhuma (longe vá o agoiro), tudo depende de como se conseguirem manter competitivos os níveis de concentração individual, os níveis físicos e os níveis tácticos em face da esperada gestão física. Acresce que o entorno da equipa deve ser com base no apoio responsável de adeptos e dirigentes, jogo a jogo, sem fazerem muitas contas em função dos jogos seguintes. Essas contas não são para os adeptos, são para a equipa técnica.

Três é também o número de jogos em que, se formos competentes com até aqui, (e não formos muito roubados pelos apitos) podemos aumentar a distância pontual para o 2º classificado, o clube que joga andebol na grande área e os árbitros nunca vêem penalty. Acredito que dado o tipo de calendário e a própria dinâmica do campeonato (à medida que decorrem as jornadas, o adversário sabe que tem menos hipótese de recuperar os pontos perdidos e isso pode influenciar para menos, o rendimento do jogo seguinte), podemos entrar nas últimas 3 jornadas com mais do que os actuais 4 pontos de diferença. Temos é de ser competentes e ganhar os nossos jogos (Olhanense, Sporting e Marítimo).

Três foi também o número de provas que o Bayern de Munique treinador pelo nosso conhecido Juup Heynckes (apenas mais um que falhou no Benfica e teve algum sucesso lá fora), podia ter ganho na época passada: Campeonato, Taça da Alemanha e Champions League. Com alguns se recordarão, perdeu as três provas, sendo que duas delas foram derrotas na final.

Deve ter sido doloroso e para podemos comparar basta imaginarmos com nos sentiremos caso não consigamos ganhar nenhuma das provas que ainda estamos em prova, das quais só numa podemos dizer que estamos quase garantidos na final (Taça de Portugal). Seria sem dúvida doloroso...

Mas que conclusões se podem tirar dessa fatalidade que aconteceu ao Bayern, ao Benfica da Alemanha? Uma mais ou menos óbvia. Enquanto por cá a inteligência de alguns, que na vida pouco mais fazem do que vender opiniões (isto no plano da comunicação social), ou que continuam a pensar o futebol como uma experiência “pavloviana” (dirigentes e ex-dirigentes do Benfica), discutem se o treinador do Benfica deve ficar caso não ganhe o título de campeão, na Alemanha, esse pobre país do Biafra – sem ofensa para as gentes desse local, decidiram que o treinador iria continuar a orientar a equipa.

Gente atrasada esta da Alemanha. Enquanto cá se discutem com à vontade imbecil o conceito de “erro de treinador” ou “erro de jogador”, mas nunca “erro de árbitro” ou “erro de dirigentes” (na actual realidade empresarial do Benfica, por razões óbvias), na “pobre” Alemanha parametrizam a avaliação, por outros factores nos quais não se inclui o “erro”. E como tal, não houve lenços brancos e o treinador continuou. Por coincidência esta época vai ganhar o Campeonato, pode ganhar a Taça (está na final) e vai bem lançado na Champions League dos milhões.

A grandeza dos clubes vê-se em muitos pormenores que não necessariamente os títulos conquistados.

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