Portugal, 13 de Outubro de 2011
Através de uma declaração formal na inauguração de uma Casa do Benfica, o Sr.º Vieira anunciou ao mundo benfiquista que “o Benfica apoia inequivocamente o Dr.º Fernando Gomes à Presidência da FPF”. Esta declaração gerou uma onda de comentários desfavoráveis, em particular na blogosfera, pela incompreensão da estratégia que lhe está subjacente.
Como referi no texto anterior, tudo isto só pode surpreender quem acreditou que as eleições de 2000 vinham colocar o Benfica no trilho do sucesso, fosse desportivo, fosse económico. Quem analisou essa campanha eleitoral ao pormenor, percebeu desde logo que a alternativa que desafiou, com sucesso, a recandidatura de Vale e Azevedo, era uma mão cheia de incertezas. Porque a maior parte dos vectores principais da campanha eram incongruentes com as acusação que se fizeram a quem durante 3 anos, tentou fazer o melhor que pôde, depois dos desastrosos e ruinosos 4 anos e meio da gestão de Manuel Damásio.
Adiante. Ao fim de 5 meses o Dr.º Manuel Vilarinho, o tal que ia “ensinar futebol” a Vale e Azevedo, admitia a derrota e convidava o Sr.º Filipe Vieira para gestor do Futebol. O descalabro desportivo tinha vindo para ficar ...
A minha dúvida sobre esta fase da vida do SL Benfica resume-se a isto: será que o Sr.º Vieira já estaria destinado a ser presidente do Benfica, quando Manuel Vilarinho se candidatou, ou se o Sr.º Vieira foi candidato a Presidente porque foi escolhido, ao acaso, Gestor do Futebol? Dadas as ligações que posteriormente se vieram a conhecer, do Sr.º Vieira ao BES (através da sua empresa de construção) e ao Sr.º Joaquim Oliveira (através da SAD do Alverca), começo a pensar que o Sr.º Vieira já estava destinado a ser Presidente do Benfica do BES, da PT e da Olivedesportos. Ou seja, nesta hipótese o Dr.º Manuel Vilarinho foi um cavalo de Tróia que trouxe no seu interior, tudo aquilo que hoje domina e condiciona a liberdade económica e desportiva do Benfica!
Foi assim que o ex - Presidente do Alverca e ex-sócio de FCP e SCP, chegou à Presidência do Benfica: com apoio de muita gente de dentro e de fora do Benfica, sendo que os de dentro fazem parte daquele grupo de românticos que continuam a pensar que é possível regressar ao élan dos anos 60, e os de fora que habilidosamente alimentam o ego dos românticos, a troco do controlo dos interesses económicos e rumo desportivo do Benfica. O Sr.º Vieira é a figura que aglutina todas estas vontades! Todos estes interesses!
Poderia o Sr.º Vieira conquistar a confiança dos benfiquistas mais dados a pensar no futuro do Clube e menos dados a ir na onda do marketing e propaganda que acompanhou a sua chegada? Acho que sim, se os actos de gestão demonstrassem sagacidade, visão, humildade, pureza e amor ao clube!
Mas aconteceu o que eu esperava. O oportunismo instalou-se, a estratégia desapareceu ou era ininteligível, o clube rendeu-se aos preconceitos instalados na comunicação social e o 6º lugar já vinha a caminho.
Primeiro erro de Vieira: associar a equipa de futebol do Benfica a uma equipa de Vale e Azevedo. Isto foi premeditado e abriu portas para fazer desaparecer muitos jogadores de qualidade que foram ter sucesso noutras paragens. A que preço fosse!
Van Hooijdonk foi vendido por 240 mil contos, meses depois de ter custado 1,2 milhões de contos! Marchena dizem-me que foi vendido por 1 milhão de contos. Maniche, Poborsky, Ronaldo, Kandaurov, Calado, tudo saiu de borla. João Tomás vendido por, dizem, 800 mil contos. Convenhamos que na situação difícil que o Benfica se encontrava, foi preciso muita falta de amor ao clube para optar pelo caminho da total renovação do plantel, vendendo ao desbarato para eliminar Vale e Azevedo dos tais sucessos que acreditavam que iam ser alcançados.
Os jogadores em questão vieram a brilhar noutros clubes: Van Hooijdonk foi campeão da Taça UEFA pelo Feynoord, taça nunca ganha pelo Benfica! Marchena foi campeão espanhol, da Taça UEFA e Supertaça Europeia, finalista derrotado na Champions, onde o Benfica ainda nunca esteve no actual modelo. Ronaldo foi campeão pelo Fenerbahce. Maniche ganhou tudo no FCP. Poborsky jogou ao mais alto nível mais uma meia dúzia de anos.
O tempo encarrega-se de colocar as coisas no seu sítio. Inequivocamente! (cont)
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