A verticalização é o fio condutor da estratégia urdida por Joaquim e que tem sido rigorosamente seguida nas duas últimas décadas. Começou com a concessão de publicidade estática. Evoluiu para a intermediação dos direitos de transmissão televisiva. Continuou para montante, tomando posição no capital dos clubes, e para jusante, passando a ter um pé na emissão, ao participar na fundação da Sporttv. E como já se sabe, não ficou por aqui (hoje manda em todo o futebol influenciando decisões, apadrinhando figuras do FCP nos lugares chave da FPF e Liga, etc., e ganhando muito dinheiro nas transmissões em monopólio).
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A beleza deste negócio vertical reside na sua complementaridade em cadeia, no facto de cada um dos seus segmentos potenciar os lucros do anterior e do seguinte. Dito por outras palavras, Joaquim é um intermediário completo (e um adversário poderoso para quem quiser disputar os seus terrenos). Numa ponta estão os clubes, a Liga e a FPF. Na outra, os anunciantes, os telespectadores e os canais de televisão (pelo meio estão os Bancos que financiam e ganham com os ganhos do Sr.º Joaquim, ganhos que Vale e Azevedo pôs em causa). Ele une as pontas, preenchendo o espaço entre elas. Tem a concessão da publicidade nos estádios, cujo preço muito naturalmente aumenta em proporção à quantidade de gente que vê o anúncio. Adquire os direitos de transmissão televisiva, que fazem crescer os preços da publicidade. Ganha ao revencer estes direitos aos canais de televisão. E ao fundar a Sporttv subiu nesta cadeia de valor, passando a lucrar a dois carrinhos – como fornecer e como accionista.
Na guerra (o termo é do jornalista, toda a gente sabia menos os adeptos) de meados dos anos 90 contra Vale Azevedo e a SIC, Joaquim sentiu a necessidade de no negócio da televisão estar presente não apenas na venda de conteúdos mas também na sua emissão. Por isso mal se recompôs logo tratou de cerzir alianças com a PT e o BES que ainda este ano (2005) se revelaram úteis no concurso de venda da Lusomundo, onde derrotou adversários poderosos como a Cofina (donos do RECORD e CM) e os espanhóis da Prisa (ou seja, mais uma vez a táctica de uma mão lava a outra e as duas lavam a cara, esta trilogia PT. BES e Joaquim ganham sempre à custa do futebol e do Benfica).
A compra da Lusomundo por 300,4 milhões de euros (o que o futebol dá a ganhar a este individuo), é mais um ponto de partida do que de chegada. Com um só lance, Joaquim consolidou laços com dois aliados poderosos (PT e BES) e aumentou exponencialmente a sua influência na vida politica, económica e desportiva portuguesa. Tem por isso reunidas as condições para um novo salto qualitativo (quem tem a comunicação social influencia e é respeitado, porque todos o querem. Joaquim chegou a este patamar muito á custa do Benfica e da vitória de Vilarinho, apoiada pelo seu grupo de comunicação, mais apoio do BES).
Mas se for bem sucedido na digestão da Lusomundo, não vai resistir à tentação de acrescentar as duas jóias que faltam à sua coroa – uma parceria estratégica e duradoura com o Benfica (não será por acaso que se fala tanto da refundação do Benfica, do novo estádio como ponto de partida, etc) e uma posição importante num canal de televisão generalista. Sonhos que até nem serão muito difíceis de concretizar, tanto mais que ele sabe esperar.
Mais cedo ou mais tarde o Benfica terá de abrir o seu capital (em breve o Sr.º Vieira poderá vir dizer que não controla o passivo – brutalmente aumentado pela sua ruinosa gestão – e defenderá a abertura do capital da SAD a outros investidores, perdendo-se a maioria que tanta polémica levantou com Vale e Azevedo). E ninguém abrirá a boca de espanto se Miguel Pais do Amaral resolver pôr à venda a sua posição na TVI (por acaso vendeu e voltou a comprar á Prisa, dizendo-se que tem planos para um canal desportivo pay-per-view). Ah, e no que toca a amizades, Joaquim Oliveira e José Eduardo Moniz dão-se tão bem como Deus com os anjos ... (Vale e Azevedo que o diga, na forma como a TVI o tratou durante os 3 anos de mandato, tendo inclusivamente sido condenada a pagar-lhe uma indemnização por danos morais por noticias falsas transmitidas em Novembro de 1997).
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