A batalha ia ser dura. Demorou anos e desenrolou-se em diversos “tabuleiros”. Nos tribunais, mas também nas páginas dos jornais e nos ecrãs de televisão (quem ainda não percebeu porque razão Vale e Azevedo andava sempre nos jornais, televisões e rádios, por isso e por aquilo, tem aqui a explicação que faltava).
Para não lhe faltar a voz durante os tempos de difíceis combates que se avizinhavam (numa guerra não se limpam armas, e como se vê, valeu mesmo tudo com papel de destaque para a comunicação social), Joaquim adquiriu em 1994, por um preço simbólico (50 mil contos, 250 mil euros), o jornal desportivo “O Jogo”, que a Lusomundo se preparava para encerrar, insatisfeita com os escassos sete mil exemplares de circulação do diário - número que em dez anos foi multiplicado por sete, na sequência de um investimento acumulado que rondou os 15 milhões de euros.
Por falta de fôlego financeiro, em dado momento desta guerra contra a dupla Rangel/Vale e Azevedo, Joaquim esteve à beira de atirar a toalha ao chão (daí compreender-se a ferocidade dos ataques contra Vale e Azevedo, alguns como se sabe, saem da esfera desportiva). Encarou mesmo vender o grupo, então avaliado no intervalo entre os 12 e os 15 milhões de contos (
Mas Ricardo Salgado deu-lhe a mão, comprando-lhe o tempo necessário para ganhar a guerra (com a ajuda da comunicação social e dos árbitros que não deixavam o Benfica ganhar, tal como hoje, mas hoje o Benfica está em constante reconstrução e a reerguer-se das cinzas como os apaniguados de Vieira gostam de lembrar)). Foi o inicio de uma bela amizade com o banqueiro. Mais tarde, o BES e a PT desaguaram no mundo do futebol – até então muito ligado ao BPI, que montara as SAD do Sporting, FC Porto e Boavista – patrocinando os três grandes e a Selecção.
Durante a guerra foi cuidadoso. O alvo dos processos judiciais foi sempre Vale e Azevedo, nunca o Benfica (sem comentários, para os que sempre acharam que tudo isto era coincidência. Afinal era estratégico...). Na hora da vitória, com o inimigo atirado para a cadeia, soube ser magnânimo, ao converter em 20% (a Sportinvest tem 49,1% da Benfica Multimédia) do capital da Benfica Multimédia os 2,1 milhões de contos que o clube encarnado teria de devolver (e que forma recebidos por Manuel Damásio o qual nunca foi processado por gestão danosa).
Em 1994, afirmou ao EXPRESSO que o segredo para a posição dominante que alcançou no negócio das transmissões televisivas reside no facto de «pagar mais e melhor que os outros» (graças ao monopólio que os amigos da Liga na altura lhe proporcionaram, Pinto da Costa primeiro, Manuel Damásio depois). «O segredo talvez esteja em considerar os meus parceiros de negócios como pessoas inteligentes e de boa fé», acrescentou. Mas esta é apenas uma parte do segredo. A outra parte consiste em ter uma estratégia certa, alicerçada numa formidável rede de relações, amizades e cumplicidades (incluir-se-ão nestas, os Juízes do CSJ e dos Tribunais?) que vai tecendo ao longo dos anos.
Os clubes de futebol são a base do negócio. Por isso, quer eles, quer os seus dirigentes, são sempre muito bem tratados (por isso Vieira nunca é criticado na comunicação social...). Dar dinheiro a ganhar aos clubes que lhe vendem as concessões de publicidade e os direitos televisivos é um ponto de honra para Joaquim. Por isso, está sempre disponível para substituir-se aos bancos, financiando os clubes nas horas de aperto, em troca do dilatar do prazo de vigência dos contratos ... (quem ainda não sabe como é que o Farense, Salgueiros e Boavista faliram, tem aqui uma explicação ...)
E além de lhes acudir quando estão com dificuldades de tesouraria, Joaquim também soube estabelecer parcerias e laços que duram para além dos mandatos dos dirigentes com que ele cultiva frutuosas amizades. A dimensão desta teia de cumplicidades salta à vista quando se olha para a carteira de participações da Olivedesportos, onde convivem 19,4% do Sporting, 11% do FC Porto, 23,3% do Boavista, 20% da Benfica Multimédia e ainda posições no Belenenses, Braga e Alverca (como já disse mais vezes, o Sr.º Joaquim era accionista de referência da SAD do Alverca, quando esta faliu). A legislação portuguesa não impede esta acumulação desde que os direitos accionistas de voto sejam usados apenas numa sociedade - e ele faz questão de não exercer em nenhuma. (continua)
http://geracaobenfica.blogspot.com/2011/10/o-sr-joaquim-parte-iii.html
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