Em 1984, deitou para trás das costas o cheiro a fritos e assados, passando a dedicar-se à exploração da publicidade nos estádios. Nascia a Olivedesportos, com o capital dividido em partes iguais pelos dois irmãos de Penafiel, a empresa que organizou, profissionalizou e ajudou a revolucionar os negócios do futebol no nosso país (com os empresários de Lisboa a “dormir”, temos de saudar o lado positivo desta revolução “made in” Porto: um aumento de receitas para os clubes, obtida de forma organizada, através da negociação dos direitos televisivos. O pior veio a seguir...).
Antes dos Oliveiras, a publicidade à volta dos campos era uma actividade amadora. Como a soma das receitas conseguidas com a bilheteira e as quotas dos sócios nunca chegavam para fazer face às despesas, os dirigentes dos clubes pediam ajuda aos empresários da terra, oferecendo-lhes em troca espaço nos painéis publicitários.
A Olivedesportos arrancou com as concessões do Chaves (por isso a SIC foi impedida de filmar os resumos que legalmente tinha direito, com a conivência do Major Valentim Loureiro, Persidente da Liga na altura) e do Sporting (como se vê, o SCP pertence ao grupo desde o seu inicio) mas rapidamente cresceu. Dez anos depois já controlava a publicidade estática de 14 dos 18 clubes da primeira divisão (por essa altura aconteceu algo “insólito”. Desceram de divisão Leiria, Tirsense e Estoril, os únicos 3 clubes que ainda não tinham contratos com a Olivedesportos. Não foi coincidência). No início, dedicou-se à compra e venda de jogadores, actividade em que se estreou em 1984 importando os paraguaios Alonso e Cabral para o Rio Ave. Chegou a criar uma sociedade para este negócio, a Futinvest, que tinha como director-executivo José Veiga, antigo presidente da Casa do FC Porto no Luxemburgo, que à época vivia nas boas graças de Pinto da Costa. Posteriormente abandonou esta área de negócio, passando a empresa a Veiga.
A opção era clara. Tratava-se de focalizar a actividade do grupo na exploração da publicidade estática e das transmissões televisivas, negócios que implicavam estar de bem com os clubes a quem compravam os direitos. E as compras e vendas de jogadores podiam introduzir um ruído desnecessário num negócio que deslizava sobre rodas.
Em 1985, intermediou a sua primeira transmissão televisiva de um jogo de futebol (Checoslováquia - Portugal). No ano seguinte, foi visto em Saltillo a carregar painéis de publicidade e a dirigir a sua colocação à volta dos campos em que a selecção portuguesa disputou os três jogos no Mundial do México. Com a sua facilidade em fazer amigos e influenciar as pessoas, o negócio prosperava até ser sacudido pelo sobressalto do nascimento da televisão privada.
O aparecimento da SIC e a vitória de Vale e Azevedo nas eleições do Benfica ameaçaram seriamente o equilíbrio ecológico em que medrava o negócio dos irmãos Oliveira (nessas eleições obviamente terá apoiado a lista do Prof.º Tadeu, continuidade da gestão de Manuel Damásio). O novo canal privado escolheu o futebol para levar os portugueses a sintonizarem o canal 3 nos seus aparelhos, o que agitou o doce e reservado mundo das transmissões, até aqui reserva de caça exclusiva da Olivedesportos.
A SIC abriu as hostilidades, quebrando o monopólio ao pagar 400 mil contos (a preços de 1997, imagine-se quanto ganhava a Olivedesportos) por três jogos (Porto-Benfica, Sporting-Benfica e Sporting-Porto). Seguiu-se o ataque de Vale e Azevedo que mal chegou à presidência do Benfica rasgou os contratos (isto já foi explicado vezes sem conta: declarou nulos os contratos, rasgar foi o que fez Vilarinho com a SIC em 2001) que o seu antecessor Manuel Damásio tinha assinado com a Olivedesportos, e negociou com a SIC direitos de transmissão televisiva pelos quais o seu clube já recebera (é correcto: o Sr.º Manuel Damásio tinha recebido 2 milhões de contos de avanço por um contrato que só se iniciava em 1999. Quando JVA chegou à Presidência do Benfica, não havia dinheiro nas contas. Por conta desse adiantamento, a Olivedesportos entrou na Benfica Multimédia através da Sportinvest, com 49% do capital).
No entretanto o “Record” dirigido pela dupla Cartaxana/Marcelino era a ponta de lança da campanha contra uma Olivedesportos acusada de, em coligação com o FC Porto, controlar o futebol com recurso a meios duvidosos (na altura já era assim, agora é pior desde que esta Direcção do Benfica foi eleita!)
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