Portugal 15 de Janeiro de 2013
Os jogos ditos “clássicos” com o FCP normalmente
dividem-se em 3 partes distintas: 1) antes do jogo, 2) o jogo propriamente
dito, 3) o pós jogo...
Na 1ª parte temos a comunicação social
evocando um conjunto de dados ou factos que são favoráveis ao FCP, e só ao FCP.
Desde “só terem perdido 2 vezes na Luz nos últimos 12 encontros”, ao “Lucho que
nunca perdeu na Luz”, às “relações entre quem ganha o clássico e quem é campeão”,
etc, regra geral, as noticias escritas
ou faladas são sempre enquadradas a favor do FCP.
Na
véspera do jogo tive o azar de fazer zaping para a RTP Informação, e só se
falava do que o FCP era capaz de jogar, de como os seus jogadores são “isto e
aquilo”, das virtudes do esquema de jogo, da força do meio campo, de que cada
um sabe bem o papel que tem de desempenhar, etc.... A muito custo lá ouvi
também falar do Benfica, mas já estava tão amofinado com aquela “chachada”
toda, que nem me lembro do que disseram.
E assim
foi durante os últimos dois dias. Felizmente houve Taça da Liga a meio da
semana e o impacto dos “mídia” foi dividido com esta competição. Sobraram “apenas”
2 dias para intoxicar a opinião pública
e criar um clima subjectivo, de superioridade do FCP.
Nem sei
para que estou a dar ênfase e a escrever sobre isto, porque tem sido assim nos
últimos 15/20 anos. A questão mais
difícil de explicar é porque razão isto acontece e porque razão os “mídia”
tratam de forma tão diferenciada o Benfica e o FCP. Porque razão há este interesse em colocar o FCP a “vencer”
antes do apito inicial do árbitro?
Não sei,
mas do ponto de vista do FCP, terá seguramente começado por ter que ver com questões de afirmação de poder. Um
clube da província (como alguns lisboetas gostam de apoucar quem não vive na
capital) que luta de forma tenaz contra os poderosos clubes da capital, um
clube que tem de impor a “batota” no campo para poder ganhar mais que os
outros, um clube assim precisa de manietar a comunicação social para tornar a batota num acto legitimo de
resistência. Posteriormente terão percebido que dessa forma, entram em vantagem psicológica no jogo,
pois já se percebeu que a capacidade mental de um jogador pode ser muito
superior se o seu “ego” for devidamente “municiado” pelas notícias dos “isentos
e imparciais” jornalistas.
Quem não
gosta e não se sente estimulado por fazer parte de uma equipa vencedora? Uma
equipa que ganha mais que as outras? Uma equipa que até nas estatísticas
publicadas, comentadas, faladas, é melhor que as outras? Perguntem ao
“Izmaylob” que ele explica...
A outra
questão que podia interessar, e para a qual também não existe uma explicação
simples, é, como é que o FCP alcançou
este domínio no plano mediático. Podemos invocar vários argumentos. Um
deles é óbvio. Os próprios resultados. Mas estes deviam apresentar-se ao
público de várias maneiras, procurando respeitar as partes e a verdade dos
factos. E não é isso que vemos. Por exemplo, não se pode dizer que o FCP quando
ganha na Luz é campeão, porque isso não
é verdade, e porque depende se o jogo é na 1ª ou na 2ª volta.
Não se
confirmou quando o FCP ganhou na Luz, 1ª volta, a Trappatoni e o Benfica foi
campeão. O FCP ganhou 5 vezes na Luz (nesses 12 anos) mas foi “apenas” 4 vezes
campeão. Dessas 5 vezes que ganhou, 3
foram na 2ª volta em
que o Benfica leva pontos a menos ou, como no ano passado,
apresenta-se com os mesmos pontos. É um
Benfica que precisa de pontos, que precisa de encurtar distâncias, que precisa
de arriscar. E depois perde em jogos normalmente recheados de casos de
arbitragem.
Para além
dos resultados há outros factores? Sim, um deles é o poder que o Sr.º Joaquim
Oliveira alcançou no mundo da comunicação social, politica e economia, um poder
que foi necessário quando Gilberto Madaíl candidatou Portugal à organização do
Euro2004. O semanário Expresso diz que o papel de Oliveira, “abrindo uma porta aqui e outra ali”
(entendamo-nos: “untando” as mãos de uns e outros), foi determinante para a
escolha do nosso país. Ora quem tem este
“poder” de influenciar nas comissões da UEFA, mais facilmente terá capacidade
de influenciar cá em Portugal, onde por acaso até é dono de uma vasta
cadeia de órgãos de comunicação social que têm prevalência sobre quase todos os
demais, pelo facto de receberem em exclusivo as imagens dos jogos. As imagens
que todos querem.
Ora
sendo Joaquim Oliveira accionista de
referência das SAD’s de FCP e SCP, que clubes serão privilegiados com esta
influência? O Benfica de Vale e Azevedo é que não era seguramente.
Mas que
pensará Vieira de mim e das minhas ideias sobre tudo isto?
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