Portugal 15
de Maio de 2014
Não é fácil
assistir à 5ª derrota consecutiva de uma final europeia, das 8 que o Benfica
leva de “enfiada”. Não é fácil de digerir este tipo de derrotas nas grandes
penalidades, sabendo que é tão difícil
chegar à final. Não é fácil perceber que dominamos a maior parte do jogo
com uma equipa diminuída (por castigos e lesões) na sua valia global e não
conseguimos marcar um único golo das várias oportunidades que se criaram. Não é
fácil entender como foi possível existirem tantos erros de avaliação dos “não-sei-quantos-árbitros”
e todos em desfavor do Benfica, algumas com possível implicação directa no
resultado. Não é fácil...
Noite mal
dormida mas ainda assim deu para por algumas ideias em ordem. E a primeira é
que não existe qualquer maldição. A
única maldição que me parece que não nos libertamos, é alguma arrogância e
desconhecimento das leis do futebol. O resto é circunstancial e sem
implicação nas 8 derrotas consecutivas.
Como já
referi, vi 5 delas, ou melhor não vi a de ontem para não dar “azar” (gravei e
vejo depois). E vi sempre asneiradas em
quase todas essas finais, à excepção da derrota com o AC Milan por 1-0
(mesmo assim com um roubo de bola e um contra ataque rápido), uma das suas melhores
equipas de sempre.
Nos jogos com
o Anderlecht, fizemos uma exibição sóbria e inteligente na Bélgica mas o
Diamantino falhou 1 golo de baliza aberta, dos que como se diz na gíria, “era
impossível falhar”. No 2º jogo (a final da Taça UEFA era a duas mãos) jogamos à “Benfica”: empurramos os
belgas para trás, estes agradeceram e marcaram um golo (por Lozano depois
transferido para o Real Madrid) num contra ataque (o nosso meio campo era
constituído por Shéu, Carlos Manuel, Stromberg, Chalana e Diamantino, dos quais
só Shéu e Stromberg sabiam defender). Na final com o PSV perdida nas grandes
penalidades por 6-5, os nossos jogadores Elzo e Pacheco andaram o jogo todo a
perder as chuteiras porque se lembraram de estrear umas meias novas. Anedótico e embaraçoso. O PSV tinha
eliminado o Real nas meias finais, era claramente favorito, e na final o Toni
ensinou ao Mourinho com se deve defender, pois foi quase só isso que o Benfica
fez, embora se aceite a opção dada a diferença de potencial das duas equipas.
No ano passado com o Chelsea jogamos com dois avançados, Cardozo e Lima e não
corrigimos o modelo quando conseguimos empatar 1-1. Este ano jogamos novamente
com dois avançados desta vez Lima e Rodrigo, mesmo sabendo que a nossa equipa
estava desfalcada. Os adversários jogam com um só e ganham-nos. Maldição? Uma ova...
Desde o
episódio das chuteiras voadoras à ambição desmedida de ganhar por esmagamento dos
adversários, o Benfica falha porque não
tem organização (chuteiras voadoras) e
porque sofre de arrogância crónica irresponsável (jogar com 2 avançados). Não há aqui qualquer maldição. Há sim
falta de competência e respeito pelos adversários e pelo futebol!
É preciso
contudo abrir um parêntesis para salientar que a presença em duas finais da
Liga Europa consecutivas, é algo que nos
deve deixar orgulhosos e com a certeza que contribuíram para afirmar o Benfica
no panorama internacional. Mesmo não ganhando, o Benfica ganhou a estima e
consideração de muitos clubes e agentes desportivos, quer no ano passado, quer
este ano. E isso nunca poderá ser ignorado destes debates acerca dos pormenores
que faltam para ganharmos as finais europeias! Porque se não o fizermos, pode
dar-se o caso que para o ano em vez de estarmos a falar da Final, estejamos a
falar da fase de grupos da Champions ou dos dezasseis avos de final da Liga
Europa. Eu prefiro continuar a falar de finais perdidas do que falar das opções
do treinador que nos deixou pelo caminho.
Não posso
deixar de referir que, a somar às lacunas internas já mencionadas, é pouco inteligente não contextualizar a
derrota com os 2 penaltys perdoados ao Sevilha, um no final da 1ª parte
sobre Gaitan, com expulsão associada, e outro na 2ª parte, sobre Lima com 2º
cartão amarelo e expulsão associada. Sugerir, como já ouvi, que esses erros não
podem servir para desculpabilizar erros próprios, é uma forma ínvia de branquear o que se passou, pelos mesmos que não
têm igual critério quando ouvem Mourinho ou Bruno de Carvalho escudarem-se nas
arbitragens para esconderem os seus fracassos. Se para estes os erros podem ser
utilizados na retórica pós jogo, para o Benfica têm de poder também!
Ora esta
problemática da arbitragem enquadra noutro problema que já referi diversas
vezes e que também pode ser associado ao número de derrotas nas finais
europeias: o Benfica não tem, nem agora
nem no passado, estratégia de comunicação social para condicionar “positivamente”
os árbitros, cá e lá fora. Quando foi anunciado que tinha sido escolhido o
tal árbitro que validou um golo fantasma no campeonato alemão, teria sido
inteligente comentar a nomeação em tons
suaves mas assertivos, “fazendo votos para que o árbitro não validasse
nenhum golo que não entrasse na baliza”. Isto teria bastado para que o árbitro
e sua equipa percebessem que estavam a ser fiscalizados. Seria suficiente para
ele assinalar os dois penaltys referidos? Não sei, mas seria sem dúvida uma
ajuda e posso comprovar com os resultados do campeonato português, que o discurso de Bruno de Carvalho surtiu
efeitos no campo dos penaltys assinalados a favor do SCP.
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