segunda-feira, 26 de maio de 2014

Pinceladas sobre uma época gloriosa II



Portugal 26 de Maio de 2014

Comecei o último texto comparando a última equipa do Benfica que ganhou com realismo a Taça de Portugal, com a equipa do primeiro onde senti que esta época tinha um elán especial, Gil Vicente, 2ª jornada. Concluí que com excepção de 3 posições, uma das quais por negócio (Matic), outra por opção da Direcção (Cortez), todos os restantes 8 jogadores foram os mesmos nos dois jogos.
Não é por acaso que faço essa comparação. Continuando no meu raciocínio, se compararmos a equipa que sofridamente ganhou ao Gil Vicente, com a equipa que perdeu a Taça de Portugal contra o Guimarães (último jogo da época anterior), constatamos que André Almeida deu lugar a Cortez e Cardozo deu lugar a Rodrigo. Apenas! Ou seja, 9 jogadores mantiveram-se! O modelo de jogo foi o mesmo nestes três jogos já referidos: 4-4-2 em losango.
Onde quero chegar é à desmistificação da teoria mais divulgada para explicar os sucessos desta época, que é a teoria “Jesus aprendeu com os seus erros”, porque não corresponde com nada.
Não só não é verdade como se comprova pela repetição do modelo de jogo e da repetição de mais de 9 dos 11 jogadores da equipa, como é uma enorme falácia bem atestada no campeonato onde fizemos menos 2 pontos e marcamos menos 18 golos! Onde é que Jesus aprendeu então com os seus erros?
Eu sei que é muito complicado evidenciar as coisas com esta brutalidade natural dos números e dos factos, mas pior para mim é ver perorar muito doutor de fato e gravata, armados em analistas desportivos nos programas de opinião (quando faço zaping), ou até ex-jogadores do próprio Benfica (fora os outros) repetir quase até à exaustão, essa teoria que não existe.
Nunca existiu, nem podia existir. Porque Jesus como qualquer treinador de topo, acredita num conjunto de competências adquiridas ao longo dos anos, fruto de observação, repetição, análise de resultados, etc. Jesus não podia mudar, porque ele acredita no seu trabalho e nas suas opções. E ainda bem que não mudou, porque ganhamos tudo cá dentro este ano e apenas falhamos o objectivo exterior porque o árbitro alemão não deixou fazer melhor.
Não foi nos erros de Jesus que se perdeu o campeonato anterior, porque como se vê ele usou sempre o mesmo modelo de jogo, repetiu em cada um dos 3 jogos referidos 8 e 9 unidades, e contudo esta época foi gloriosa e a última não. Foi sim nos erros de arbitragem que esta época não “ajudaram” o FCP e no ano passado sim! E também aqui há contas fáceis de fazer. O FCP ficou 13 pontos atrás do Benfica no campeonato. Mas, coisa rara, sofreu 4 penaltys contra, 3 dos quais em situações de jogo com 0-0 (duas vezes) e 0-1 (para o FCP, uma vez). E nestes 3 jogos perdeu 8 pontos! Se somarmos os 3 da derrota na Luz (coisa pouco frequente), temos então 11 dos 13 pontos que o FCP registou a menos que o Benfica! Por meras questões de decisão de arbitragem!
Mas também me podem recordar que eliminamos o FCP duas vezes, da Taça de Portugal e da Taça da Liga. Há aqui algumas explicações que se encaixam com facilidade. Na Taça, o Proença expulsou mal o Siqueira e depois deve ter-se arrependido, assinalando o 1º penalty de sempre a favor do Benfica em jogos com o FCP! Se tivesse tido esse critério no Nacional - Benfica da época passada, tínhamos sido campeões, e mesmo que perdêssemos a Liga Europa com o Chelsea, íamos jogar a Taça sem estar sobre “brasas” devido às duas derrotas anteriores. Porque éramos campeões.
Na Taça da Liga isso sim, houve bastante competência em aguentar o resultado 0-0 com uma equipa que Jesus colocou claramente para “oferecer” a vitória ao FCP (meter uma dupla de centrais inédita Steven Vitória + Jardel não lembra a ninguém que quer ganhar o jogo) e houve a indispensável pontinha de sorte nas grandes penalidades. Já no ano passado, em Braga, também aguentamos o 0-0 com uma equipa bem menos remendada do que a que eliminou o FCP, mas nos penaltys não fomos felizes e fomos eliminados. O Braga, esse ganhou 1-0 ao FCP na final com 1 golo... de penalty. Ora o FCP no campeonato nunca sofreu 1 penalty com 0-0...
Posto isto, sim, em face desta análise mais realista e menos fantasista, que probabilidades temos de ganhar títulos na próxima época? (continua)

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