terça-feira, 2 de outubro de 2012

O dia B



Portugal, 2 de Outubro de 2012

O dia anunciado após o sorteio da fase de grupos da Champions chegou, e logo mais vamos defrontar o Barcelona que é provavelmente a melhor equipa do mundo.

São dois históricos do futebol mundial, um mais do que o outro, sendo o Benfica a equipa com mais história, e o Barcelona a equipa com mais títulos europeus e mundiais dos últimos anos. Mais história o Benfica, que venceu a sua primeira Taça dos Clubes Campeões Europeus em 1961 frente ao Barcelona, mais títulos nos anos recentes o Barcelona que venceu 3 das últimas 6 Ligas dos Campeões, 2 Campeonatos do Mundo e várias Supertaças Europeias (sinceramente não sei quantas, para além da última conquistada frente ao FCP).

Curiosamente, ou talvez não, em matéria de qualidade das suas infra-estruturas, do lado superior temos o Benfica e do lado inferior o Barcelona. É algo que nos devia fazer pensar pois de facto quem visitou já o Camp Nou, pode assegurar que o estádio da Luz é muito superior em qualidade estética, funcional e global, excepto na lotação. Por exemplo, 4/5 do Camp Nou são descobertos, os interiores do estádio e em particular escadarias de acesso aos vários andares do estádio são cinzentos e até lúgubres por serem mal iluminados, o lugar dos jogadores não utilizados está semi enterrado e é propicio à acumulação de poeiras e verdetes das humidades, o aspecto geral das bancadas é de muita idade, as cadeiras do público não são “último modelo”, etc, etc. De positivo regista-se a sua enorme lotação, 85 mil espectadores que regra geral, está ocupada a mais de 90%.

Já o nosso Benfica preferiu investir num estádio novo, muito moderno e funcional, com condições de altíssima qualidade para os espectadores que no máximo serão pouco mais de 64 mil, óptimas condições para as equipas e seus jogadores, inúmeros pontos de comida e 2 restaurantes de enorme qualidade, enfim, o novo estádio da Luz é algo que envaidece o clube perante o Mundo. Mas que neste caso do confronto com o Barcelona põe a nu a pobreza da cultura desportiva que nos levou a gastar algumas dezenas de milhões de euros num equipamento, quando já tínhamos outro, em detrimento do investimento na equipa de futebol. E hoje isso faz toda a diferença em termos de resultados desportivos, sendo o Barcelona um colosso mundial, sendo o Benfica um “heterónimo” da grande equipa que fomos nos anos 60. Mas temos um estádio novo ...

No Benfica verifica-se que, não frequentemente, se opta pelo acessório em detrimento do produtivo. Opta-se pela aparência em detrimento da substância. Bem, não era para este caminho que queria conduzir o texto, mas já que foi, assim fica. Cada um tire as conclusões que entender.

Voltando à componente desportiva, o Barcelona é mais parecido com o Benfica, embora historicamente seja o Real Madrid o clube “irmão” de Espanha. E porquê? Porque o Barcelona pratica o ecletismo (não tão pronunciado) como o Benfica. Ao contrário do Real Madrid que aposta praticamente apenas no futebol e basquetebol. E Madrid não tem mar, como Barcelona...

Nos últimos anos, apenas jogamos por duas vezes contra o Barcelona na competição que sucedeu à antiga Taça dos Campeões Europeus: nas meias-finais da época 91/92, disputada em fase de grupo com 4 equipas, da qual saiu um finalista (que foi o Barcelona, vencedor na final por 1-0 à Sampdória), nos quartos de final da época 2005/2006. Perdemos os 2 jogos em Espanha por 2-1 e 2-0, empatamos a zero os dois jogos em Portugal.

Em 91/92 lembro-me que o jogo foi o último da fase de grupos, e quem vencesse apurava-se para a final, embora ao Barcelona bastasse o empate. O Benfica conseguiu empatar não só o jogo como ameaçar várias vezes a baliza adversária, tendo tido algumas situações de golo que não foram concretizadas. Como sempre é o nosso triste fado, foi o Barcelona que conseguiu marcar o 2º golo e resolveu – com alguma naturalidade – a contenda a seu favor.

Em 2005/06 fui à Luz ver o jogo e do 2º anel consegui ver um penalty a nosso favor, que o árbitro assistente, no meu enfiamento – e no da jogada – não conseguiu ver. Mais ou menos como o Chelsea no ano passado. E também me recordo que o meu filho, com 11 anos na altura, que ficou sentado noutro lugar mais atrás, me disse “ó papá, o homem que estava trás de mim só estava a dizer asneiras”. A inocência das crianças...

Bom, hoje é o dia B. Espero que seja o dia em que o Benfica consiga ganhar ao colosso Barcelona nem que seja com um golo marcado com a mão na própria baliza. Um dia em que a cultura da aparência consiga ser superior à cultura da substância. Um dia feliz para mim e milhões de adeptos do Benfica...

Sem comentários:

Enviar um comentário