segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O petardo



Portugal, 1 de Outubro de 2012

Na última Assembleia-geral para aprovação das contas do clube, rebentou um petardo que marcou, a já de si “quentinha”, reunião magna dos sócios benfiquistas. Não bastou a reprovação das contas - pela primeira vez no consulado Vilarinho/Vieira - como o evento haveria de ficar marcado por um inédito “estourote”...

Como é óbvio, a comunicação social, seus jornalistas e em particular os tais analistas que falam de tudo e não sabem de nada, utilizaram esse incidente para exagerar o clima de crispação que se vive no Benfica, entre a Direcção, e em particular o presidente, e os sócios do Benfica. O costume... tudo serve para desestabilizar e os que já se esqueceram como foram empolados alguns incidentes nas AG’s ao tempo do Dr.º Vale e Azevedo, deviam meditar mais no papel dos “media” no agravar das tensões e criação de divisões.

Devo dizer que, apesar de ser anti-vierista da 1ª hora, não me parece que o petardo possa beliscar o voto de protesto que os sócios do Benfica registaram por votação, minutos depois. Basta comparar com o que se passou no ultimo Conselho de Estado realizado no Palácio de Belém, ou comparar com a manifestação nas cercanias da Assembleia da República, onde democraticamente se exprimiu um protesto pela actual situação económico-financeira do país, e onde pouco civilizadamente, se rebentaram não um, mas vários petardos e bombas de fumo, acompanhadas por apedrejamento das forças policiais que, felizmente para os manifestantes, comeram e calaram.

Ora os benfiquistas comportaram-se incomparavelmente melhor. Sinal que apesar das profundas divergências, ainda têm pelo Sr.º Vieira mais consideração, do que alguns portugueses têm pelos políticos da nossa praça. O rebentamento do petardo na AG do Benfica, não veio pois por em causa a democraticidade e resultados da votação, antes veio abalar profundamente os alicerces do edifício construído em torno da imagem do Sr.º Vieira e que os poderes instalados no futebol, querem que se confunda com a centenária instituição que é o Sport Lisboa e Benfica.

De facto, rejeitando as Contas referentes ao exercício fiscal de 2011/2012 os sócios quiseram registar o seu desagrado pelo falhanço do “mandato desportivo” (que a propaganda Vieira construiu nas últimas eleições), pelo não entendível aumento do Passivo consolidado e por mais uma situação de falência técnica (contrariando a propaganda Vieira sobre a “estabilidade financeira”).

O petardo veio sublinhar o veto político dos sócios à gestão mentirosa da Direcção, e por isso este veto irá perpetuar-se no tempo de forma mais eficaz. As conclusões desta AG serão lembradas e sem o petardo possivelmente seriam varridas para debaixo do tapete, pela mesma comunicação social que exige ao treinador que faça “milagres” para compensar os erros da Direcção. Não tem sido assim nos últimos 11 anos, desde a “equipa maravilha” da época 2001/2002?

Na história do Benfica, nenhum outro presidente teve tão boa comunicação social como Vieira, fruto da sua relação de amizade com Joaquim Oliveira e dos interesses do BES que defende no Benfica. Nunca há uma fotografia mal tirada, nunca há notícias sobre a situação das suas empresas (comparar com Vale e Azevedo), raramente sai um artigo de opinião que relacione a gestão financeira com o insucesso desportivo (já que não gostam de explicar com arbitragens), etc. E assim o seu projecto de subalternidade para o Benfica, que aliás já vinha do mandato de Vilarinho, consegue passar como bom, no futuro... 

Mudando de “petardos”, os analistas afectos ao SCP foram dos que mais pegaram no tema, para exemplificarem - uma vez mais - que no SCP tudo é diferente. Seguramente já esqueceram o que se passou em 29 de Setembro de 2005 e relatado em vários órgãos de comunicação social, sendo esta a versão do RECORD:


A Assembleia-geral (AG) do Sporting ficou ontem marcada por enorme contestação à actual direcção e uma tentativa de agressão aos elementos da mesa por um grupo aparentemente organizado de 20/25 sócios. Num ambiente de enorme agitação, os sócios leoninos aprovaram o Relatório e Contas”. “A dada altura, vice-presidente da mesa, Carlos Sequeira, não se conteve: “Vocês envergonham o Sporting!” Uma reacção surgida depois do presidente da mesa, Galvão-Telles, ter ameaçado expulsar o conjunto de sócios. O grupo insultou então os dirigentes, dirigindo-se à mesa. Só a intervenção de um corpo de segurança privado evitou que algo de pior sucedesse”.

O SCP é de facto um clube diferente... batem recordes de amnésia...

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