quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O meu querido 4-4-2


Portugal, 24 de Outubro de 2012

O Benfica perdeu 2-1 com o Spartak para a 3ª jornada da Champions, e os blogues voltaram ao habitual: a contestação sem explicação, a contestação a partir da fotografia final dos factos, a raiva ou frustração transformada em palavras ligadas em frases, que nada acrescentam, apenas são fotocópias de outras já gastas em derrotas anteriores.

O irónico disto é que os mesmos que há uns tempos criticavam a falta de ambição do treinador, porque em Glasgow não arriscou mais, jogando com 1 ponta de lança (no 4-2-3-1 de sucesso da época passada), agora lamentam o mau jogo do Benfica que relativamente a esse jogo apenas teve 3 alterações: Maxi em vez de André Almeida, Bruno César em vez de Gáitan e Lima no lugar de Aimar.

Isto claro, já para não falar que, nem jogaram Roberto nem Emerson, os tais que de acordo com os supra sumos, explicavam todos os insucessos da equipa. Agora toda essa gente assobia para o lado ou esconde-se através de pensamentos escritos mais gastos do que pneu de camião na sucata.

Afinal agora não temos os “patinhos feios”, mas parece que estamos já a colocar outros jogadores – que nessa altura eram craques – na posição de “patinhos feitos”... no Benfica, falar de aprender com erros do passado, é perder tempo e arranjar mais umas discussões com ingratos e burros que acham que assim é que está bem...

Como várias vezes tenho referido, o problema do Benfica está na filosofia de jogo. No modelo de jogo. Está no 4-4-2 seja a versão tradicional (catastrófica com Quique na Liga Europa e Koeman na Liga Portuguesa), seja a versão em losango também descrita como 4-1-3-2 que foi implementada por Fernando Santos sem grandes resultados como nos lembramos.

A diferença entre os dois modelos é pequena mas fundamental, como o fermento na massa dos bolos: 1 tem mais um avançado, outro tem mais 1 médio. Faz toda a diferença.

Ter mais um jogador na intermediária do campo, permite dificultar a manobra atacante do adversário permitindo ganhar tempo para um correcto posicionamento defensivo do sector mais recuado. Permite também roubar mais bolas ao adversário, pela redução de linhas de passe (mais 1 jogador = menos espaço livre). Permite ao adversário subir as suas linhas de modo a equilibrar essa superioridade, o que origina mais espaço livre na sua retaguarda por onde se podem fazer contra ataques mais eficazes, sempre que se lhes rouba uma bola. Estes contra ataques podem ser mais eficazes porque os avançados têm mais espaço para se posicionar e o nosso jogador que tem a bola, tem mais linhas de passe para escolher.

A diferença entre modelos de jogo, como se percebe, é uma diferença clara entre estruturas de jogo. Mais compacta a do 4-2-3-1, mais permeável a estrutura do 4-1-3-2. É como se um edifício tivesse mais um pilar e menos um andar: será seguramente mais sólido.

Ou seja, mudamos de jogadores, de treinadores e até de presidentes, mas continuamos a apostar no modelo de jogo errado. Esperar que um treinador consiga o milagre de inventar uma variação do 4-4-2 que seja ganhadora, é como ficar á espera de Godot.

Agora querem crucificar Matic (que de facto não é um trinco, para mim nunca foi) como antes crucificaram Roberto ou Emerson. Se jogássemos com dois trincos provavelmente Matic não arriscava um passe em frente, ou se o fizesse e fosse desarmado, tínhamos relativamente perto, o segundo trinco para tentar atrapalhar o jogador que ficou com a bola, e com isso ganhávamos tempo para nos posicionarmos melhor na defensiva. Por alguma razão sofremos menos golos com dois trincos ...

Uma palavra para Jesus. Sempre o defendi e continuo a defender não só porque está a treinar o Benfica mas porque é o melhor treinador português. Mas desta vez tenho de dizer algo desagradável. Pois se ele sabe que não tem Witsel nem Javi, por razões relacionadas com o tal “milagre económico” para otário “comprar”. Se não temos Aimar e Carlos Martins porque estão lesionados, e assim só ficamos com Enzo para essa posição, se depois do jogo reconhece que há jogadores – como Matic – que não têm experiência europeia, e mesmo assim opta pelo modelo de jogo mais permeável, das duas uma, ou deixou-se levar pelo folclore da campanha ou continua a não perceber nada sobre modelos e estruturas de jogo. O que estranho... 

6 comentários:

  1. Concordo em pleno!!! O ano passado jogámos com o Rio Ave no 4x1x3x2 mas os médios eram Javi, Witsel(a fazer de Ramires) e Aimar. Resultado? 5-1 para o Benfica!! Um outro problema é que JJ quer fazer de Rodrigo um Saviola e por isso está a desperdiçar um excelente avançado e a equipa perde porque Rodrigo não consegue fazer o que Saviola fazia. Talvez Gaitan, Nolito ou Salvio o consigam fazer. Neste momento o Enzo poderá fazer de Ramires e na ausência de Aimar e Martins, terá de ser Bruno César ou Miguel Rosa a fazer de Aimar. Um 4x3x3 também não era mau!!

    Para confirmar aquilo que dizes dos buracos defensivos no meio campo, vê a imagem que se segue: http://2.bp.blogspot.com/-Q_62YUmQVgc/UIb1bvVFu2I/AAAAAAAADVg/TGVeGDlTKVg/s320/benfica+spartak.jpg

    São 8?! jogadores á frente da linha da bola e 2?! atrás da linha da bola. Onde já se viu isto? Nem no Inatel!!!

    Abraço!!!

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  2. Caro pj simões, a radiografia que fazes da forma como sofremos golos, já eu anda a fazer há anos. Não é de agora, não é de Jesus, é do clube. É da tradição do futebol ofensivo, como dizem eles, nos anos 60 .. nada de mais errado, mas adiante.

    O 4-4-2 com mais gente à dianteira, "aspira" as dinâmicas para a frente. Ora como em todos os jogos há perdas ou roubos de bola, quando isso acontece a nossa equipa está desposicionada defensivamente. Como é lógico. A questão NUNCA foi de jogadores mas sim de MODELO de jogo. NO Benfica este 4-4-2 defendido por Josés Augustos e quejandos, é um modelo incompatível com a dificuldade de uma prova copmo a Champions. Por cá ainda pode funcionar, dada a decalage de qualidade entre a nossa equipa e a maior parte das outras. Na Champions é suicídio ...

    Estás agora a perceber porque sempre defendi o Roberto e o Emerson? Porque estes jogadores foram APENAS mais dois vitimas do sistema de jogo do Benfica. Por sinal, com Emerson defendiamos melhor, mas o que o Benfica quer e a maior parte das criticas eram nesse sentido, é que o Emerson não subia, logo não atacava tão bem como o Coentrão ... Percebes: a própria critica desportiva também empurra o adepto a ver mal o jogo do Benfica...

    Estranho que no Benfica não percebam nada disto, dirigenets, directores desportivos, treinadores, não conversem sobre isto ...

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  3. Sim, eu entendo, por isso é que também defendi Roberto e Emerson e até demonstrei que Roberto sofreu praticamente os mesmos golos que Artur, por isso o problema não do GR mas sim no modelo implementado que começo a desconfiar, como tu, que é um pouco "imposto" pelas estruturas do clube, sei lá... O 4x4x2 é possível de jogar em todas as frentes mas nunca neste modela e é necessário teres jogadores com determinadas características para jogares em tal sistema.

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  4. Pois sei que defendeste, também porque és um bom benfiquista :) e perdes tempo a pensar como as coisas acontecem. Outros andam à boleia como sabemos ... A questão do 4-4-2 na minha maneira de ver, e escrevi "querido" com ironia, é um modelo que só dá para cá e não em todos os jogos. Como nos lembramos não foram poucos os que criticaram a utilização deste modelo no 1º jogo frente ao Braga. Que deixou em algumas situação, a equipa bastante descompensada. É certo que foram os mesmos que s seguir criticaram o 4-2-3-1 de Glasgow .. mas nestas coisas temos de ser firmes: o Benfica não pode ser comandado de fora para dentro, através das opiniões de umas anedotas alegadamente bem pensantes e que de futebol percebem pouco mais que zero.

    Aqui se nota a falta de uma Direcção de gente que goste do Benfica, que perceba o futebol como ele é e não como os teóricos defendem... uma Direcção forte, um Director Desportivo cometente, já teria identificado estes problemas e não esperar que seja o treinador a resolver, até porque ganha muito. Até parece que foi ele que criou as condições económicas para vender o Javi e o Witsel ...

    Termino com um exemplo. Camacho a treinador e perdemos 1-0 em Belém, golo do Heldon. Camacho estava a jogar só com 1 ponta de lança, Cardozo e contra a arbitragem como de costume. Aos sessenta e tal minutos, com 0-0, alterou o modelo e meteu o Nuno Gomes por troca com Maxi Pereira que nessa altura jogava a médio direito. Passamos a 2 pontas de lança, possivelmente um desenho deste 4-1-3-2 que JJ utiliza. Que aconteceu: passados apenas 6 mn, o Belém faz 1-0 e ganha o jogo ... se fores ver o posicionamento defensivo do Benfica, quando se dá o contra ataque é de "arrepiar": a linha do meio campo unia o Nélson e o Léo, os defesas laterais, com Luisão e não sei quem mais a centrais ...

    Mas não aprendemos e isso é que me lixa mais a cabeça ... detesto a burrice continuada ...

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  5. O 4x4x2 pode resultar mas não no modelo actual de JJ. Olha o Manchester!!! A questão é que o Benfica simplesmente não tem jogadores para jogar no 4x4x2 clássico, nem neste de JJ... Mas tem naquele 4x1x3x2 de 2009/2010 se ele quiser...

    Espreita: http://universobenfiquista.blogspot.pt/2012/10/rolo-compressor-versao-20122013.html

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  6. pj, o modelo 4-4-2 na Champiojns nunca vai funcionar para uma equipa como o Benfica. Até o Chelsea, com os jogadores que tem, veio cá jogar em 4-2-3-1. O Real joga também nesse modelo. E nós, os "flausinos" é que vamos jogar com propensão ofensiva no 4-4-2 em losango e pressão alta? Por amor de Deus, vamos lá colocar-nos na nossa posição...

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