Portugal, 28
de Maio de 2013
Passada a fase da
cabeça quente após derrota na final da Taça que nos é preferida, passada a
confusão que a comunicação social faz aproveitando o legitimo e normal
desencanto dos adeptos do Benfica, é altura de pensar nisto mais friamente.
Saem duas notas
iniciais: 1) se o Benfica vencesse a Taça de Portugal, não faltaria quem
repetisse, como no passado recente com a Taça da Liga, que este Benfica não se pode limitar a ganhar uma Taça de Portugal com o
plantel que tem, e 2) recordo-vos um conjunto de ideias que deixei aqui
publicadas em 3 de Abril, no texto intitulado “Três”:
“Três é o número de
competições em que o futebol do Benfica está envolvido e como tal, é o número
de competições que podemos ganhar. “Poder
ganhar” não quer dizer que “vamos ganhar”. O entusiasmo tolda o raciocínio
de boa parte dos adeptos do Benfica que nestas alturas dão como adquirido o que
será sempre muito custoso de alcançar. Mas não são só os adeptos e a
comunicação social a desconcentrar a equipa. Os dirigentes, por razões
diferentes, também dão o seu contributo.
Noticia BOLA,
29/12/2011: Luís Nazaré, presidente da Mesa da Assembleia-geral do Benfica, diz
que a equipa encarnada pode aspirar a um lugar na final da presente edição da
Liga dos Campeões. (ainda não tínhamos jogado os oitavos de final com o
Zénit).
O Benfica pode
conquistar 3 provas, como pode não conquistar nenhuma (longe vá o agoiro), tudo depende de como se conseguirem manter competitivos
os níveis de concentração individual, os níveis físicos e os níveis tácticos em
face da esperada gestão física. Acresce que o entorno da equipa deve ser
com base no apoio responsável de adeptos e dirigentes, jogo a jogo, sem fazerem
muitas contas em função dos jogos seguintes. Essas contas não são para os
adeptos, são para a equipa técnica.
Três, foi também o número de provas que o
Bayern de Munique treinador pelo nosso conhecido Juup Heynckes (apenas mais um
que falhou no Benfica e teve algum sucesso lá fora), podia ter ganho na época
passada: Campeonato, Taça da Alemanha e Champions League. Com alguns se
recordarão, perdeu as três provas, sendo que duas delas foram derrotas na
final.
Deve
ter sido doloroso e para podemos comparar basta imaginarmos com nos sentiremos
caso não consigamos ganhar nenhuma das provas que ainda estamos em prova, das
quais só numa podemos dizer que estamos quase garantidos na final (Taça de
Portugal). Seria sem dúvida doloroso...
Postas as coisas
assim, ou seja, não deixei de considerar a hipótese de perdermos as 3 provas,
apesar do meu desejo em não ser assim, a realidade é que estamos tão doridos como seguramente os adeptos do Bayern
estiveram no ano passado. Eles mantiveram o treinador, nós temos de fazer
um esforço para pensar racionalmente no assunto e perceber porque perdemos.
A final da Taça
contra o Guimarães foi o 4º jogo arbitrado por Jorge Sousa com esta equipa. Em jogos sempre recheados de erros técnicos e
disciplinares, sempre para o mesmo lado (parafraseando o presidente do
SCP), perdemos 3 vezes e ganhamos 1 (Trappatoni) com um livre directo marcado
por Geovanni a quase 30 metros da baliza. Dos tais lances que os árbitros nunca
dão como golo.
Não perceber como
o árbitro pode arruinar ou condicionar a nossa equipa, é continuar a não
perceber a estatística e porque os resultados se repetem. Assim, repetindo o
critério que já tinha tido contra o Koeman, permitiu um critério disciplinar largo aos jogadores do Guimarães, e
curto aos jogadores do Benfica. Ao intervalo o miolo do nosso meio campo
estava condicionado, enquanto os jogadores do Guimarães, jogavam à vontade, sem
medos.
O condicionamento
dos nossos jogadores e a mensagem de “podem dar pancada à vontade” para os
jogadores do Vitória, levou a que o nosso jogo perdesse alguma qualidade e o do
Guimarães aguentasse os nossos argumentos. A substituição de Cardozo, isto é, a
passagem de Gaitán para o miolo e Urreta para a ala esquerda, pretendia segurar o jogo a meio campo. TAL
E QUAL FAZ O FCP QUE JOGA SEMPRE COM UM AVANÇADO! A única critica que faço
é que devia ter saído o Lima, porque era previsível um adiantamento dos defesas
centrais do Vitória. Lima não segura ninguém, porque a sua característica é
mobilidade e a de Cardozo é o posicionamento. Mas os adeptos preferem o Lima e
acho que isso pesou na decisão de Jesus.
Teve azar. Não
pelo seu eventual erro, mas porque levou
com um golo em fora de jogo. Fora de jogo bem superior ao de Cardozo frente
ao Chelsea. Fora de jogo que o FCP NUNCA
LEVA e não é por acaso. E como um azar não vem só, a equipa desorganizou-se
e levou com um golo que, novo azar, o remate tabela em Luisão e ganha um
caprichoso desvio para fugir do alcance de Artur.
O Benfica perdeu
mais uma Taça por erros de arbitragem mas a
lógica de jumento que domina o pensamento dos mais altos representantes do Benfica
na comunicação social, optou por centrar a temática em Jesus, não
percebendo que dessa forma, continuam a alimentar a historia que interessa ao
“sistema”: a Liga Capela. Isto é, sabemos que houve uma arbitragem Capela, não sabemos que existiu uma arbitragem Hugo
Miguel ou Jorge Sousa, como antes Carlos Xistra, Pedro Proença ou Soares Dias.
Nós precisamos de
facto de uma outra “estrutura”...mental! Gente
que perceba o futebol como ele de facto é jogado, com as regras do FCP, e não
gente que vive no passado e defende o impossível. Se não voltamos à lógica
do, muda e torna a mudar de treinador.
Outra curiosidade
que sai fora deste âmbito da arbitragem. Nos últimos 20 anos estivemos 6
vezes na Final da Taça, se não me falha a memória. Ganhamos 3 (Boavista, SCP e FCP) e perdemos 3 (Boavista, Setúbal e Guimarães). Dá que pensar...
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