quarta-feira, 8 de maio de 2013

Virados do avesso



Portugal, 8 de Maio de 2013

O empate frente ao Estoril, naquela que era uma das duas etapas para “roladores” que faltavam ao Benfica para ser campeão (como lhe chamei em texto anterior), significou um retrocesso de consequências imprevisíveis nos planos do título. Se a vitória nos dava a certeza que, na pior das hipóteses, poderíamos ser campeões frente ao Moreirense na última jornada, o empate trouxe-nos a certeza que o nosso rival directo tem uma chance de nos roubar o título de campeão. Seria apenas mais um dos que nos roubou nos últimos anos, enquanto entre benfiquistas se discute o perfil do treinador, as suas opções de gestão, os aspectos técnico - tácticos etc.

As razões deste inesperado tropeção prendem-se com o seguinte conjunto de razões:
1.     Antes do jogo o Benfica tinha apenas 4 pontos de avanço sobre o FCP, fruto de muito trabalho e qualidade da nossa parte, mas também fruto de 2 penaltys falhados por Jackson em jogos que o FCP empatou (Olhanense e Marítimo). Quem acompanha mais de perto o nosso campeonato sabe também que o FCP foi poupado a vários desaires e muitos pontos perdidos, por decisões dos árbitros sempre com a mesma bitola: na dúvida, favorecer os interesses do FCP. O jogo com o Setúbal foi apenas o último em que não foi assinalado 1 penalty contra o FCP na parte final do jogo (com 1-0) mas foi assinalado 1 penalty inexistente a favor do FCP (falhado). O Sr.º Vieira apoiou inequivocamente o seu amigo Fernando Gomes, o que só surpreendeu quem acredita na “história da carochinha” da “credibilidade” deste Benfica SAD. Os factos aí estão: dois treinadores medíocres bateram recordes de pontos no FCP. Villas-boas campeão com 93%, melhor registo de toda a história do FCP, e Vítor Pereira, campeão com 83% o 5º melhor registo de toda a história do FCP! Mourinho só por uma vez conseguiu ser superior a Vítor Pereira, veja-se bem ao ponto que isto chegou, com o aplauso e inércia – esperadas - de Vieira.

2.     O 2º jogo da eliminatória frente ao Fenerbahce que foi um jogo muito intenso do ponto de vista físico e do ponto de vista mental. 4 dias de recuperação é pouco tempo para um jogo que podia significar o título, ou seja, o prémio pelo bom desempenho dos últimos 28 jogos. A cabeça dos jogadores não “aterrou” e continuou no “ar”, quiçá pensando já nas comemorações e esquecendo a responsabilidade do jogo.

3.      Consequência do ponto anterior, a má opção da gestão física do plantel com base no pressuposto (que já antes critiquei no texto Agri-Doce de 19 de Abril) de que têm de jogar os considerados  jogadores do onze base. Esta é uma opção que eu não revejo em Jesus, pois quem avançou com André Gomes para o jogo em Leverkusen, não podia agora ter de medo de lançar esse ou outro jogador contra o Estoril, como já antes não o tinha feito contra o Paços, na 2ª mão da meia final da Taça.

4.      Dito isto, para mim há qualquer coisa que mudou em Jesus e que eu atribuo às pressões da “estrutura”. Diria mais. Este é o problema “José Augusto” que é uma das pessoas credenciadas que mais criticou na Benfica TV, de forma velada ou explícita, a opção de Jesus pela rotação de plantel. Após o 1º jogo com o Bordéus afirmou que o Benfica tem jogadores para jogarem sempre os melhores (no que foi corroborado por alguns espectadores que ligaram para lá). Chegou a defender a sua ideia com “no meu tempo jogavam sempre os mesmos e o campeonato também tinha 30 jogos, havia a Taça dos Campeões e a Taça de Portugal”. Ora eu não acredito que este tipo de ideias não passe de uns para outros na estrutura do clube, e depois chegue ao treinador. Ideias que parecem ter alguma lógica, mas que são desmentidas pela realidade dos outros clubes europeus que chegam longe nas provas europeias. Ora, o treinador pode resistir até certo ponto a este tipo de sugestões, mas depois com o tempo, o sucesso e a pressão, quebra-se qualquer resistência que houvesse a este respeito.

5.      Deste modo e em face do bom plantel do Benfica, plantel com 2 boas opções para a generalidade das posições em campo devido ao muito trabalho de JJ, deveriam ter sido dadas hipóteses a outros jogadores, como já deviam ter sido dadas na meia final da Taça. 3 ou 4 alterações eram suficientes, ficando os habituais titulares dessas posições no banco para entrada a qualquer instante do jogo. Os candidatos a descansar, pelo número de minutos já jogados seriam Lima, Enzo Peres, Sálvio e Garay.

6.      Mas aqui deparamos com outro problema. No Benfica há a teoria que têm de jogar os jogadores do “onze base” (teoria José Augusto) e (teoria 15 mn à Benfica) temos de marcar golos rápido para gerir o jogo. Ora a lesão de Enzo Peres e o empate comprometedor põem completamente em xeque, estas teorias que várias vezes ridicularizei como “tretas”.

Com estas “brincadeiras”, com esta falta de cultura desportiva e falta de respeito pela organização técnica da estrutura do futebol benfiquista, com estas teorias da treta de gente que jogou à bola mas não sabe pensar o futebol, teorias que condicionam as opções do treinador, estamos agora na contingência de fazer um mau resultado no “curral da Galinha”. Se isso acontecer (cruzes, credo, canhoto), não terá apenas consequência no campeonato, terá seguramente consequências no jogo seguinte, na final da Liga Europa.

Andamos 23 anos para chegar a outra final europeia, e graças a uns líricos que estorvam mais do que ajudam, e graças a uma Direcção que não trabalha estes aspectos com o treinador e equipa técnica, estamos na antecâmara de ter deitado tudo a perder, com um conjunto de más opções técnicas, tácticas e físicas, que eram de previsão fácil. As conquistas fazem-se nos pormenores e isso é coisa que no Benfica da “credibilidade” e do “sabemos para onde vamos”, 12 anos e muitos milhões depois, não existe.

Espero que o Benfica não perca no campo do FCP, não só porque somos de longe a melhor equipa a jogar a bola, mas também para não ter de ouvir o Sr.º Vieira dizer que ainda estamos a pagar a factura dos tempos da Direcção do Dr.º Vale e Azevedo.

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