terça-feira, 13 de agosto de 2013

Balanço da pré-temporada



Portugal, 13 de Agosto de 2013

A denominada “pré-temporada” terminou e chegada a altura de fazer um balanço, concluímos que para FCP e SCP, a pré temporada é um período para fazer experiências com novos jogadores a entrar para o lugar de outros que saíram, mas para o Benfica a pré-temporada é analisada com um pseudo-rigor científico que enviesa as conclusões para o pior lado possível.

Desde que me lembro, talvez desde a pré temporada da época 96/97, que o Benfica tem dois tipos de pré-temporadas: 1) as que correm bem, e então o Benfica é o “campeão” da pré-temporada, sendo o titulo de “campeão” usado com ironia para comparar com os títulos de campeão efectivamente perdidos para o rival do costume, ou então simplesmente usado para criar pressão sobre a equipa, 2) as que correm menos bem, e então tudo é utilizado para por em causa o trabalho realizado, desde o treinador aos jogadores, as tais experiências que são para FCP e SCP, e que para o Benfica não são.

Portanto não me surpreendo com o tom de critica que vejo e leio, na comunicação social entenda-se, pela simples razão que é assim há quase 20 anos que levo a ver futebol com olhos um pouco mais abertos, do que quando comecei. E vai ser assim novamente para o ano, etc, porque já percebi que as sucessivas Direcções não têm estratégia de comunicação estando reféns do que os jornalistas e “analistas”, pensam, dizem e escrevem. Como não se faz pressão, eles pensam, escrevem e dizem o que lhes vem à “mona”.

O que eu penso da pré-temporada resume-se ao seguinte: 1) ficou provado que a “evolução” da equipa no sentido de retirar Cardozo, enfatizando Lima (ou Rodrigo) e acrescentando sérvios de boa qualidade técnica, tornou a equipa mais frágil defensivamente, 2) ficou provado que o Sílvio não tinha razão para ficar chateado com o Benfica há 2 anos quando se transferiu para o Atlético de Madrid, 3) ficou provado que o Benfica tem um problema com o defesa esquerdo e com todo o respeito, Cortez sendo uma espécie de Coentrão (sobe e não desce) não dá garantias (do quê?), 4) ficou provado que Lima e Rodrigo marcam mais golos ao lado de Cardozo, 5) ficou provado que a equipa de futebol é feita pela estrutura e que o treinador não tem, ou terá raramente, opinião sobre as novas contratações. Passo a explicar.

Quanto ao ponto 1 já falamos do mal resolvido dossier Cardozo, da tentativa de venda entroncada com as sondagens que pediam a re-integração do jogador, mas que em simultâneo experimentavam uma teoria muito em voga na época passada, de que Cardozo era lento e falhava muitos golos, enquanto Lima era mais rápido e ao fim e ao cabo, marcava mais do que Cardozo, pelo que a eficácia do ataque estava garantida. Os primeiros jogos com adversários mais simples, iam confirmando a teoria, mas quando os adversários aumentaram de dificuldade, viu-se o enorme erro da teoria, que foi não considerar a influência do “poste” – Cardozo - pouco móvel mas que retém 1 ou 2 defesas, permitindo assim libertar algum espaço, algumas linhas de passe que Lima e Rodrigo aproveitam com a sua maior velocidade. Eu não percebo nada de futebol (assim me julgo) mas já previa que isto se ia passar. Por alguma razão critiquei pontualmente certas opiniões de José Augusto, um dos que faz escola na BTV e não percebe o futebol actual.

A acrescentar a este ponto 1), a entrada de sérvios, dois da escola holandesa e um da escola sérvia, dois países onde o futebol é jogado para a frente e não para trás, resultou que passamos a ter alguma qualidade (pontual) na posse de bola, mas quando não temos a posse de bola o adversário ataca mais e melhor, pois cada um desses 3 jogadores não sabe defender e tem ainda muito que trabalhar para ser bem sucedido no Benfica. Não estou a ver como isso se podia fazer em escassas semanas da pré-temporada... 

O ponto 2) é óbvio ao ver como levamos o 2º golo do Bordéus e o 2º golo do Nápoles. Ingénuo num caso, distraído noutro, mostrou estar muito longe do que precisamos. Ao pé do Maxi é um pigmeu... Mas bom, é português e do Atlético de Madrid, dois factores a ter em conta este ano. Antes que me venham sobre a parcialidade da minha apreciação, deixem-me lembrar que o Emerson safou o Benfica de muitos golos e ninguém quis saber...

Quanto ao ponto 3) sobre o defesa esquerdo reina a confusão. Ora criticamos o Emerson porque não atacava, depois criticamos o Melgarejo porque atacava e não defendia tão bem. Cortez já vai pelo mesmo caminho e ainda não começou o campeonato. Uma vez que é a “estrutura” que diz como quer que se jogue, temos de perguntar a Vieira e a Rui Costa onde é que já viram um defesa subir e descer com a mesma eficácia? E qual a vantagem de ter um defesa que sobe e cruza, e um médio de ataque que depois recua para defender e cobrir o defesa que subiu e não conseguiu descer em tempo útil. Não entendo isto. Pode ser que me esteja a escapar algo...

O ponto 4) é daqueles de mais fácil previsão. Apenas a estúpida presunção de quem continua a ditar regras no Benfica sem observar os jogos, poderia pensar que essa dupla, ou cada um isoladamente, poderia resolver os nossos problemas. Spartak-Moscovo, os dois jogos com o Barcelona, o jogo com o Spartak na Luz até à entrada do Cardozo, permitiam concluir o que eu já disse. No futebol benfiquista e suas especificidades de jogar com 3 bons médios de ataque, mas quase “cepos” a defender, é um erro pensar que jogar com 1 ponta de lança móvel pode significar sucesso. Errado, como a história recente demonstra...

Por último, depois de vermos como foi contratado e emprestado Farina, de como foi feita a troca de 100% de Roberto (outro que saiu por causa das sondagens e agora vai jogar na Champions League) por 50% de Pizzi, para de seguida ser emprestado, de como dizem vai chegar o “Falhado” Mori, e recuarmos para ver como foi contratado Michel e Lusinho, ou Djaniny e Mika, mais outros exemplos que podia dar sobre os últimos 12 anos de Benfica, e facilmente se constata que ao invés do que a amestrada (quanto nos custa?) comunicação social faz crer, quem devia estar no banco dos “réus” é a Direcção do “super” Vieira e não os treinadores que pontualmente vêm treinar o Benfica. O engano e o engodo, assentaram arraiais no Benfica, com a nova gestão do “sabemos para onde vamos”.

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