segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Rola a bola ... III



Portugal, 5 de Agosto de 2013

A pré temporada aproxima-se da sua parte final e relativamente ao texto anterior Rola a bola II, fizemos um conjunto de 5 jogos. Empate com Penarol, vitórias frente a Levante (11º lugar em La Liga), Nice (4º classificado na Ligue 1) e Elche (campeão da Liga Adelante), e derrota caseira com o S. Paulo no troféu Eusébio, por 2-0, a primeira por mais do que um golo de diferença neste troféu.

Os leitores mais assíduos sabem que defendo que no Benfica as coisas acontecem por acaso e não pela inovadora e rigorosa capacidade de gestão do “faz-que-é-presidente” do Benfica. Recebo algumas críticas por pensar assim, não porque esteja errado mas porque há adeptos que são mais “vieiristas” do que benfiquistas. Adeptos que recusam pensar para além das páginas dos jornais, debates contaminados a três e colunas de opinião politicamente correctas. 

Sendo o Benfica feito de adeptos, e adeptos feitos desta “massa”, podemos dizer que o Benfica, em particular a SAD, é um clube/grupo empresarial sem qualquer viabilidade económica ou desportiva. Os anos passam os resultados aí estão a confirmar, mas os adeptos continuam sem exercer o direito à opinião, limitando-se a ser caixas de ressonância do que ouvem e vêm por aqui e por ali.

Ao contrário do que vejo e leio, acho que este conjunto de resultados foi positivo. Queremos ganhar sempre, mas isso não é possível e continuamos sem entender isso. A única derrota aconteceu frente a uma equipa que leva 11 jogos no Brasileirão, está muito mais avançada na sua “forma” desportiva e até já mudou de treinador, estando agora a começar a dar frutos essa mudança, depois de uma série de maus resultados. Acresce que os jogos contra Bayern (derrota 2-0) e AC Milan (derrota por 1-0) prenunciava que iríamos apanhar pela frente uma equipa organizada, a corrigir erros sobre erros e que algum dia iria dar a volta. Calhou-nos a nós a “fava” como aliás é apanágio na nossa história.

Deste conjunto de 5 jogos (mais os anteriores) constata-se com clareza que o esquema táctico da equipa agora é o 4-2-3-1, procurando evidenciar Lima no ataque, 4-2-3-1 pontualmente transformado, em escassos minutos de duração, no 4-4-2 losango. Vantagens e desvantagens?

Vantagens: sempre preferi este modelo por ser mais equilibrado nas transições ofensivas e defensivas. No global funcionou bem contra equipas que tal como a nossa estão a iniciar a época, mas funcionou mal contra uma equipa mais batida, um gigante brasileiro cansado de levar “porrada”. Entenda-se, de ser derrotado.

Desvantagens: se é verdade que os jogadores fazem os modelos tácticos, aqui está um bom exemplo. O 4-2-3-1 com Cardozo funcionava de uma maneira, com Lima ou Rodrigo funciona de outra. Com Cardozo funcionava bem, com Lima e Rodrigo nem tanto.

Explicação: (1) o 4-2-3-1 funcionou bem com um ponta de lança mais fixo e capaz de aguentar dois defesas por perto, como Cardozo. Dois defesas que não sobem ao meio campo. Quando o ponta de lança, pelo contrário, é um avançado móvel constata-se que os defesas não têm a quem marcar directamente fazendo marcação à zona, jogando mais como equipa. Com isso têm mais liberdade para subir no terreno e ajudar a dividir o jogo no meio campo, roubando bolas e diminuindo as linhas de passe com a sua presença. (2) Por outro lado, como o Benfica optou por 3 médios fisicamente leves embora tecnicamente dotados, como é o caso dos sérvios, a equipa do Benfica acaba por não beneficiar do equilíbrio proporcionado pelo 4-2-3-1 já que os sérvios gostam de jogar com a bola nos pés, são fracos sem bola e não têm capacidade de choque para suster o primeiro ataque do adversário, que é a partir da defesa. Por outro lado, quando têm a bola nos pés constroem jogadas de tal recorte técnico que obrigam o adversário a encostar-se atrás. Ou seja, obrigam o adversário a “defender” melhor... o que é um claro paradoxo do actual desempenho do sistema de jogo.

Se alguém se dá ao trabalho de reparar nestes pormenores (acho que há poucos), nas situações de maior perigo que tivemos na 1ª parte do jogo com o S. Paulo, o adversário tinha lá sempre 7/8 jogadores impedindo os espaços de progressão dos nossos avançados. Se olharmos ao 1º golo do S. Paulo, a nossa linha defensiva está em posição de ataque, muito subida no terreno. Se olharmos aos 3 golos do FCP ao Nápoles, vemos que nas situações de ataque do FCP, o Nápoles tinha 4/5 jogadores na defesa, e em posição de recuperação defensiva. Porquê? Porque tinham estado em posição de ataque e devido a uma perda ou roubo de bola, o FCP construiu jogadas de contra ataque fáceis, porque há menos jogadores no último terço.

Ou seja, jogando com postura “defensiva”, o FCP consegue criar melhores transições de ataque. O Benfica jogando com postura “ofensiva”, não beneficia nada, “ajudando” o adversário a defender melhor e expondo mais a sua defesa.

Há anos que é assim. Nem Jesus, nem Rui Costa e muito menos Vieira (que não percebe nada excepto de gastar dinheiro em contratações), percebem continuando a defender o “futebol espectáculo”. Sempre que um jornalista diz que o Benfica “perdeu um jogo porque não o quis ganhar”, “borram-se” todos e se calhar ainda vão dar um ralhete a Jesus porque tem de jogar com mais e mais avançados, prejudicando mais e mais a qualidade de jogo ofensivo do Benfica.

Anos e anos a ver o mesmo e a insistir no mesmo, o clube/SAD está condenado ao insucesso. Já somos um clube de anedotas, em particular graças aos adeptos do SCP que vivem com os nossos insucessos. Arriscamo-nos qualquer dia, a ser uma anedota de clube.

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